Difícil prever com bom grau de assertividade o que pode acontecer no cenário político brasileiro, nesses próximos dias, com morte do presidenciável socialista Eduardo Campos. Anteontem, muitos, tomados pelo susto e pelo luto, mantiveram o respeito ao momento. Outros, nem tanto, e externaram as discussões que já borbulhavam nos bastidores. O fato é que a força de uma eleição imprevisível como essa, disputada, e a importância do candidato na conjuntura geraram rápidas conjecturas.

Marqueteiros e especialistas entendem, por exemplo, que se Marina assumir o comando, o que é mais provável, mesmo sem a unanimidade dentro do PSB, pode crescer nas intenções de voto e superar os 15 pontos percentuais em pouco tempo. Ainda possui o legado eleitoral de 2010, quando surpreendeu e, mesmo com a crueldade da situação, é quem vai se beneficiar com a comoção do episódio trágico. O efeito claro do crescimento deve provocar um segundo turno. O certo: Dilma estará nele. Mas qual o tamanho do crescimento de Marina? Pode se aproximar de Aécio? É uma ameaça ao tucano? Complicado tentar acertar. Previsível, mesmo, é pensar que banqueiros, poderosos do agronegócio e alguns setores da indústria, por exemplo, vão se afastar da propostas de governo que até anteontem foi apresentada pelo PSB. Quem sustentava a confiança desse grupo era Eduardo. Marina não tem afinidade com eles e está longe de manter, sozinha, o discurso “moderado” e intermediário.
Aqui na Paraíba, também não vale a pena – no momento- fazer grandes prognósticos, mas é importante deixar registrado que muitos socialistas fisiológicos, sem radical aversão ao PT, já disseram que vão buscar em Dilma o “acolhimento” sem riscos. Talvez seja algo pontual, mas é um movimento que se desenha. Comitês do PSB com a foto de Dilma podem se multiplicar pelo estado. É fato, também, que nos últimos anos, o PSB paraibano teve como sustentação a relação harmoniosa e amigável entre Ricardo Coutinho e Eduardo. Trabalhavam em conjunto e ele tinha algo de mentor político de Coutinho.
Vamos perceber ainda que deve entrar na cena política, com mais força, a paraibana, candidata a deputada federal pelo PSB de São Paulo, Luíza Erundina. A mulher do Nordeste no Sudeste. Especula-se que se Marina for escolhida, ela é um nome para assumir a vice. Mas será que está disposta a arriscar a disputa de parlamentar federal? É bom lembrar que o deputado federal Roberto Freire, presidente nacional do PPS, partido da coligação, já sinalizou que não deve assistir passivamente o PSB fazer as modificações sem
Fiquemos por aqui. Eduardo foi-se e deixou tristeza e incertezas. Difícil entender como o impacto vai repercutir a curto prazo. Qualquer projeção, agora, é arriscada. É preciso de muito mais tempo para se diluir toda a carga emotiva da morte. Longe desse estado de perplexidade, uma nova realidade imponderável se configura e, a maioria, vai se acostumar e se adaptar facilmente.
Convicção
O advogado e escritor, Antônio Campos, irmão de Eduardo, divulgou uma carta ontem defendendo que Marina Silva assuma a candidatura à presidência da República em substituição a Campos. Na carta disse que tinha a “convicção que essa seria a vontade de Eduardo;”

Posição
Na carta registrou: “Como filiado ao PSB, membro do diretório nacional da sigla, com direito a voto, neto mais velho vivo de Miguel Arraes, presidente do Instituto Miguel Arraes (…) externo a minha posição pessoal que Marina Silva deve encabeçar a chapa presidencial da coligação”.

Alerta
Depois do acidente de Eduardo Campos, políticos, em campanha, redobram a atenção nos voos. O candidato ao governo, Vital do Rêgo (PMDB), e a equipe passaram por um susto no fim de semana.

Mau tempo
O avião partiu de Campina Grande em direção a Bananeiras, mas não consegui pousar por causa do mau tempo. O mesmo aconteceu em Guarabira, segunda para pousar. O grupo teve que voltar a Campina.

Rasante 
Lá, o tempo e a visibilidade também estavam muito ruim. Para pousar, a aeronave se aproximou do aeroporto João Suassuna por instrumento e fez um voo rasante até o aeroclube.

Piloto
Na pista de barro, enlameada, a aeronave derrapou. No avião estavam Vital, a esposa, um amigo e o assessor Carlos Magno. Predominou a habilidade do piloto Leonel, relatou Magno.

Mais uma baixa

Lúcia Braga (PV) oficializou a desistência à candidatura de deputada estadual. Está fora. Ela declarou que estaria desestimulada com a política atual. Confidenciou para alguns que as eleições “demandariam mais recursos financeiros que propostas para a população”. Reclamação geral.
Velório
As assessorias de Ricardo, Vital e Cássio confirmam presenças em velório e sepultamento de Eduardo Campos no Recife. O corpo deve chegar no sábado.

Hiperinflação
Os deputados federais estão com medo de pedir apoio aos prefeitos e vereadores pelo estado. Eles estão cobrando cada vez mais caro pela ajuda. É hiperinflação.