Opinião

O impasse do Republicanos para liderar cabeça de chapa em 26 - Por Nonato Guedes

Foto: Internet
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Apesar do peso do Republicanos na conjuntura política paraibana, com representação destacada a partir do deputado Hugo Motta, presidente da Câmara Federal, o partido ainda não tem garantia de cabeça de chapa para o pleito de 2026 nem no bloco governista chefiado pelo governador João Azevêdo (PSB) e muito menos na oposição, que tem como um dos expoentes o senador Efraim Filho, do União Brasil. Na semana passada, Hugo Motta fez um alerta de que a legenda reivindica protagonismo e não aceitará papel de coadjuvante na formação da chapa dentro do esquema oficial, a que está ligado atualmente. Na sequência, o deputado Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa, insinuou que o Republicanos pode se compor com a oposição estadual caso não seja prestigiado à altura do seu tamanho.
O partido detém um contingente expressivo de deputados federais, estaduais, prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, e foi considerado “fiel da balança” na disputa de 2022, quando “jogou nas duas”, apoiando João Azevêdo ao Executivo e Efraim Filho ao Senado, ambos vitoriosos. A ascensão de Hugo Motta ao comando da Câmara Federal, com sua inserção na hierarquia da sucessão da Presidência da República, deu poder de fogo ao Republicanos, que já cravou a adesão recente de um deputado estadual – Felipe Leitão, liberado pela cúpula nacional do PSD para desertar. Há expoentes dentro do próprio PSB que cogitam migração para o Republicanos, da mesma forma como há políticos republicanos, inclusive com mandato, interessados em buscar outras legendas alegando “inchaço” no ônibus pilotado por Hugo Motta. A agremiação quer espaços, mas esses espaços não estão assegurados no radar político, pelo menos por enquanto.
Sobre a cabeça de chapa: no bloco oficial o vice-governador Lucas Ribeiro, do Progressistas, leva a sério a possibilidade de ser candidato à sucessão caso João Azevêdo se afaste para concorrer ao Senado, e na oposição estão em evidência ao Palácio da Redenção os nomes do senador Efraim Filho, do ex-deputado federal Pedro Cunha Lima (PSD), que concorreu em 2022 e avançou para o segundo turno, e do deputado federal Romero Rodrigues (Podemos), que sempre ameaça ser candidato mas nunca avança um milímetro nessa direção. Houve acenos inequívocos do senador Efraim Filho à cúpula do Republicanos para uma composição em 2026, mas em nenhum momento Efraim foi enfático ao ponto de prometer cabeça de chapa para aquela legenda. Tem dito que, em última análise, a indicação de pesquisas de opinião pública será determinante para a escolha da candidatura.
Há, ainda, a possibilidade de uma segunda candidatura oposicionista, que defenderia ostensivamente as cores do bolsonarismo na Paraíba e que seria expressa no nome do ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga (PL), que surpreendeu ao avançar para o segundo turno do pleito de 2024 em João Pessoa contra Cícero Lucena (PP), perdendo na contagem final de votos. Da parte do Republicanos não há registro de diálogo efetivo com Queiroga e os expoentes do PL bolsonarista, embora isto não seja descartado dentro da dinâmica política. No esquema oficial, a luta interna é para resolver a definição de candidatura entre os nomes de Lucas Ribeiro e do prefeito da Capital, Cícero Lucena, que tem percorrido municípios de várias regiões defendendo propostas e a continuidade do projeto empalmado por João Azevêdo. Cícero opera em outra frente para privilegiar o filho, deputado federal Mersinho Lucena, na chapa majoritária, ora como candidato a vice-governador, ora como candidato ao Senado, e tem cobrado um posicionamento mais firme de João, apregoando, inclusive, que a condição de vice de Lucas Ribeiro não o torna ungido naturalmente como candidato a governador.
A hipótese de que o Republicanos venha a encabeçar uma outra opção no quadro local, se ficar sem espaços de protagonismo no bloco governista ou na seara oposicionista, é descartada por analistas políticos e tida como remota diante da pulverização de interesses que já se verifica entre outros partidos políticos, apontando no rumo de uma polarização. De resto, a chamada “terceira via” nunca conseguiu emplacar na história política paraibana, ainda que desequilibre o jogo, para um lado ou para o outro, dentro da polarização estabelecida. É claro que o partido de Hugo Motta vai insistir em se encaixar à altura no panorama que se desenha para 2026, mas a dados de hoje, conforme analistas políticos, o pretendido protagonismo não está no radar no sentido de favorecer a legenda do presidente da Câmara Federal. Esta é uma das incógnitas do xadrez político-eleitoral paraibano para o próximo ano, que ainda pode comportar surpresas ou reviravoltas, diante do apetite que acomete os partidos e seus líderes para a tomada do poder estadual.