Paraíba - O senador Efraim Filho, líder do União Brasil, demonstrou, ontem, em entrevista ao Sistema Arapuan de Comunicação, empenho e confiança nas chances de êxito do projeto de poder da oposição paraibana nas eleições de 2026. Seu nome continua em pauta para a candidatura ao governo, juntamente com o do deputado federal Romero Rodrigues (Podemos) e do ex-deputado Pedro Cunha Lima (PSD). Mas Efraim admitiu a hipótese de Pedro compor sua chapa como vice, da mesma forma como deixou a vaga em aberto para expoentes do bloco governista que venham a romper com a liderança do governador João Azevêdo. Conforme ele, um ingrediente que favorece a oposição é o sentimento de unidade dominante, ao contrário do que estaria ocorrendo na seara oficial, onde alega haver excesso de postulantes para poucas vagas e clima de emulação, senão de confronto. A possibilidade de defecções na base governista é real, não ilusória – assegurou o parlamentar.
Foi uma das mais esclarecedoras entrevistas do senador Efraim Filho sobre posições que tem tomado no cenário nacional e que causam controvérsia. Ainda recentemente, o ex-governador Ricardo Coutinho (PT) reclamou de “falta de honestidade política” de Efraim por não assumir ostensivamente a defesa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Paraíba, embora o União Brasil ocupe ministérios como o das Comunicações. O senador explicou que tem compromisso com a governabilidade do país e que, nesse sentido, vota a favor de matérias de interesse público. Quanto a outras, atua de acordo com a sua consciência e procurando corresponder aos sufrágios que recebeu na disputa ao Senado em 2022, quando foi vitorioso derrotando Ricardo Coutinho e a ex-deputada Pollyanna Werton, do campo da esquerda. Efraim avalia que, ali, foi uma de suas batalhas mais difíceis, pois trocou uma reeleição à Câmara dos Deputados pelo desafio de conquistar a senatoria, e a conquistou. Lembra que está à vontade para assumir atitude de independência, pois não foi recomendado nem por Lula nem por Bolsonaro no pleito anterior.
O senador reiterou que, de sua parte, procura fazer a leitura mais correta e estratégica da conjuntura política-eleitoral do Estado com relação ao cenário de 2026 e é dentro dessa avaliação que antevê a quebra da hegemonia de quase duas décadas exercida pelo PSB. Efraim segue alinhado com o bloco de centro-direita na Paraíba e projeta-se, atualmente, também, como presidente da Comissão Mista de Orçamento do Congresso. Ele lembrou que esta semana, na Marcha dos Prefeitos a Brasília para a defesa de reivindicações municipalistas, encampou mais uma vez essas demandas, solidarizando-se com os gestores e procurando articular soluções de consenso que tenham apoio do próprio Parlamento. Efraim esteve em evidência, também, pela realização de sessão especial proposta por ele em homenagem ao paraibano Epitácio Pessoa, que foi presidente da República.
No que diz respeito à conjuntura política paraibana, o senador admite que não evoluíram os entendimentos com o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do Partido Progressistas, para a formação de federação no Estado, devido às divergências entre as duas siglas – com o PP apoiando o governo João Azevêdo e o União Brasil sustentando linha de oposição. Acredita mesmo que uma decisão sobre a realidade local somente venha a ser tomada no próximo ano, já que houve intransigência nas negociações ensaiadas, devido à existência da pré-candidatura do vice-governador Lucas Ribeiro (PP) à chefia do Executivo. Independente de federação, Efraim está pronto para participar da organização do bloco oposicionista visando destronar o esquema de Azevêdo.
Ele continua prudente na revelação de nomes de políticos ligados ao bloco oficial que podem vir a se compor com o agrupamento oposicionista, mas salientou que mantém canais de diálogo abertos com o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, com o deputado federal Mersinho Lucena e com parlamentares do Republicanos, como Hugo Motta, presidente da Câmara Federal, Murilo e Adriano Galdino (presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba). Na ótica de Efraim, o cenário é indiscutivelmente favorável à oposição que, por se manter unida e com espírito de renúncia, articula composições com estratégia profissional e não amadora, levando em conta fatos novos do quadro estadual. O que ele não duvida – e isto deixou bem enfatizado – é da perspectiva de revanche no poder estadual, com a consequente derrota do esquema de João Azevêdo, que ainda não definiu concretamente uma virtual candidatura ao Senado.