
Paraíba - A Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (SES-PB) está apurando possíveis irregularidades em procedimentos oftalmológicos realizados por uma empresa terceirizada em Campina Grande. A investigação teve início após pacientes apresentarem complicações no pós-operatório, com sintomas mais graves do que os esperados para esse tipo de cirurgia.
De acordo com o secretário de Saúde da Paraíba, Ari Reis, os primeiros alertas surgiram no último domingo (18), quando pacientes começaram a dar entrada em unidades de urgência com queixas que variavam de dores leves a sinais mais preocupantes. “Esses pacientes foram imediatamente encaminhados para o Hospital de Trauma de Campina Grande, serviço de referência da região, onde começamos a levantar informações sobre os procedimentos realizados”, afirmou.
Segundo o secretário, 64 pacientes foram identificados como participantes das cirurgias, todos já contactados pela Secretaria até a noite de segunda-feira (19). Desses, nove apresentaram sintomas mais graves e dois precisaram passar por procedimentos corretivos, consistindo em raspagens nas vias afetadas por uma possível infecção.
Ari Reis destacou que não há, até o momento, registro de perda de visão entre os pacientes e garantiu que todos estão recebendo atendimento e acolhimento adequados. “Assumimos o compromisso de resolver esse problema e de apurar com rigor os possíveis responsáveis”, declarou.
Durante a apuração inicial, equipes do Hospital de Clínicas de Campina Grande identificaram seis frascos de medicamentos sem lacre e com prazo de validade vencido, fornecidos pela empresa contratada para os procedimentos. Esses medicamentos podem ter sido utilizados nos pacientes, o que acendeu um alerta para possíveis falhas sanitárias e éticas.
Diante da gravidade do caso, a Secretaria de Saúde já instaurou três procedimentos simultâneos:
- Criminal, junto à Polícia Civil;
- Ético, junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM);
- Administrativo, no âmbito interno da Secretaria.
Ari Reis enfatizou que a apuração busca identificar responsabilidades tanto da empresa fornecedora quanto dos profissionais envolvidos nas cirurgias. “Vamos investigar se os medicamentos vencidos foram realmente utilizados e quem são os responsáveis por isso — seja a empresa que adquiriu, seja os médicos que aplicaram os insumos”, afirmou.
A Secretaria de Saúde reforçou que o atendimento aos pacientes segue como prioridade e que nenhum ficará desassistido. O caso continua sendo monitorado de perto pelas autoridades estaduais.