Para começo de conversa, a figura sobre a qual discorro nesta crônica memorial é paraibano da capital e de vida inteiramente vivida nos anos 1800, mais conhecido como Século XIX. Filho de uma índia com o tenente-coronel Antônio José Vitoriano Borges da Fonseca, revolucionário de 1817 e de 1821, brilhou no jornalismo paraibano, pernambucano e da Corte.
Conseguiu a façanha porque a família do pai, pernambucana e aristocrática, cuidou de garantir-lhe instrução no Lyceu daquela província, embora tenha conseguido viver com a mãe, na velha cidade da Parahyba, alternadamente. Recebeu, ainda, ensinamentos não regulares de padres do Seminário de Olinda, sem nunca ter frequentado suas salas de aula, oficialmente.
Nessa pisada, aprendeu francês, leu e tornou o iluminista Jean-Jacques Rousseau como orientador de seus pensamentos libertários, anti-monarquistas e anti-escravistas, protagonizando episódios marcantes da vida política regional e nacional. A Revolução Francesa de 1789 sedimentou seus ideais pela vida afora.
Estou falando de Antônio Borges da Fonseca, sobre o qual os paraibanos precisam tomar conhecimento.
Antônio Borges da Fonseca nasceu, como já disse, na cidade da Parahyba, atual João Pessoa, em 1808, ano em que a família real portuguesa desembarcou no Brasil, dando outro rumo à história do país. Herdou do pai o patriotismo e a audácia, o que lhe completou o arcabouço intelectual e impulsivo diante do que andou considerando errado no Brasil da sua época.
Em 1828, criou na Parahyba o segundo jornal a circular na província, a Gazeta Parahybana, de orientação liberal. Naquele ano, ele havia se tornado membro da sociedade secreta A Jardineira, também conhecida como Carpinteiros de São José, de orientação republicana. A filiação levou Borges da Fonseca ao Rio de Janeiro, onde militou no jornalismo que fazia oposição a Dom Pedro I.
Após a queda do Primeiro Império, Borges da Fonseca voltou ao trânsito entre Parahyba, Recife e Olinda, tendo participado, em 1848, na condição de um de seus mais importantes chefes, da Revolução Praieira, em Pernambuco, comandada por liberais, contra conservadores, aliás, uma disputa ideológica que permaneceu por todo o período monárquico. Derrotado o movimento, o paraibano foi preso em Fernando de Noronha.
Foi Borges da Fonseca quem escreveu o Manifesto ao Mundo, dos revolucionários pernambucanos, com as seguintes diretrizes, segundo o site Brasil Escola: 1. voto livre e universal; 2. liberdade de imprensa; 3. trabalho como garantia de vida dos brasileiros; 4. nacionalização do comércio a retalho; 5. independência dos poderes; 6. extinção do Poder Moderador; 7. implantação do federalismo; 8. reforma do Judiciário; 9. fim do recrutamento militar; 10. fim da lei de juro convencional.
Com odores de herói, Antônio Borges da Fonseca faleceu no ano de 1872, na casa de uma de suas duas filhas, Ana, casada com um de seus correligionários liberais, em Nazaré da Mata. Antes disso, posicionou-se contra a Guerra do Paraguai, que uniu, entre 1864 e 1870, Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai, ainda hoje um tema muito controverso da história brasileira.
Borges da Fonseca é hoje nome de rua em várias cidades, entre as quais Recife, Rio de Janeiro, João Pessoa (no Róger) e Viamão, no Rio Grande do Sul. Em João Pessoa também empresta o seu nome a uma Escola Estadual de Ensino Fundamental, em Mangabeira.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.