
A eleição para a coordenação da bancada federal da Paraíba no Congresso Nacional será discutida novamente durante esta semana. A escolha do novo coordenador enfrenta um impasse que pode resultar em um desfecho inédito: a divisão do cargo entre dois parlamentares, rompendo com a tradição de consenso que marcou as legislaturas anteriores.
O estopim da crise foi a entrada do deputado federal Mersinho Lucena (PP) na disputa, contrariando o que parecia ser um acordo em torno do nome do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB). A movimentação dividiu os apoios entre os 12 deputados federais e os 3 senadores da bancada, levando a um cenário de indefinição.
Nos bastidores, o deputado Murilo Galdino (Republicanos) tenta articular uma conversa direta entre os dois postulantes, com o objetivo de construir um entendimento e evitar a fragmentação da liderança. A proposta seria que um dos dois abra mão da candidatura.
Em contato com o portal Polêmica Paraíba, Mersinho Lucena afirmou que se mantém na disputa, contrariando rumores de que teria desistido ou cedido espaço para Veneziano. Segundo ele, não houve qualquer recuo em sua pretensão de assumir a coordenação da bancada.
Cargo estratégico em tempos de disputa por recursos
A coordenação da bancada é considerada estratégica: o titular da função representa o estado nas votações da Comissão Mista de Orçamento (CMO), articula a apresentação de emendas impositivas, conduz a defesa de projetos prioritários e participa da distribuição de recursos federais. Em tempos de disputa intensa por verbas da União, o cargo ganha ainda mais peso.
De acordo com a Decisão nº 01/2017 da CMO, para que um parlamentar seja reconhecido como coordenador oficial da bancada, é necessário obter maioria absoluta de assinaturas em cada uma das Casas — ou seja, pelo menos 7 dos 12 deputados federais e 2 dos 3 senadores. Diante do atual racha, nenhum dos nomes conseguiu reunir o apoio necessário até o momento.
Divisão à vista?
Caso o impasse persista, a bancada da Paraíba pode seguir o exemplo de estados como Maranhão e Amazonas, que, em situações semelhantes, acabaram dividindo a coordenação entre dois parlamentares. Na prática, essa solução tem efeito simbólico e político, mas compromete a unidade da representação estadual.