PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. A rua Silva Jardim, sua escadaria e seu homenageado- Por Sérgio Botelho

Duas ruas do Centro de João Pessoa se destacam pelas suas escadarias, que impedem o trânsito de veículos. Em ambos os casos, terminando ou começando nos passeios da Avenida General Osório, entre a Guedes Pereira e a Rua da República.

A uma delas, já dedicamos uma crônica específica: o Beco Malagrida. Na verdade, o beco é a parte inicial da Rua Irineu Pinto (que homenageia um dos sócios fundadores do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano).

A via liga a Praça João Pessoa à rua Maciel Pinheiro, na cidade baixa, cruzando a General Osório e a Beaurepaire Rohan. O pequeno trecho, situado entre a praça e a General Osório, celebra o padre Gabriel Malagrida, que na primeira metade do Século XVIII foi responsável pela construção do Colégio dos Jesuítas, exatamente o prédio onde hoje funciona a Faculdade de Direito da Universidade Federal da Paraíba, em João Pessoa, que se ergue ao lado do beco, de frente para a Praça João Pessoa.

A outra escadaria marca o início da rua Silva Jardim, que liga a General Osório à Beaurepaire Rohan, atravessando as ruas Tenente Retumba e Desembargador Feitosa Ventura, terminando ao lado do antigo Grupo Escolar Antônio Pessoa. Todas, assim como a Irineu Pinto, na parte baixa da cidade. O homenageado com o nome da rua tem destaque na história do Brasil, notabilizado por sua atuação no movimento abolicionista e republicano, no final do Século XIX.
Antônio da Silva Jardim foi um dos nomes mais vibrantes do movimento republicano no Brasil do século XIX. Nascido em 1860, no Rio de Janeiro, era advogado, jornalista e um orador apaixonado, conhecido por percorrer o país pregando os ideais da república e combatendo a monarquia com firmeza e coragem. Tinha um jeito inflamado de discursar e encantava plateias por onde passava, mesmo quando enfrentava vaias ou resistência. Sua vida foi marcada por esse impulso revolucionário que o fazia enxergar na república uma forma mais justa e livre de governo.

Apesar de jovem, Silva Jardim ganhou destaque entre os líderes do movimento que queria derrubar o Império. Tinha ideias radicais para a época: era contra a escravidão, a favor da educação popular e da igualdade entre os cidadãos. Seu entusiasmo o levou até à França, onde, já com a república brasileira instaurada, continuava buscando inspiração nos ideais da Revolução Francesa. Foi lá que sua vida teve um fim trágico e simbólico: em 1891, caiu na cratera do vulcão Vesúvio durante uma visita ao local — um desfecho tão dramático quanto sua trajetória.

Mesmo tendo vivido pouco, com apenas 30 anos, Silva Jardim se tornou um símbolo da luta por mudanças no Brasil. Seu nome batiza ruas, praças e escolas pelo país, mas sua memória, muitas vezes esquecida nos livros didáticos, merece ser lembrada como a de alguém que viveu com intensidade em defesa de suas convicções e da liberdade.

A partir das décadas de 1940 e 1950, acompanhando a decadência do centro de João Pessoa, a rua chegou a abrigar cabarés menos famosos que os existentes nas ruas Maciel Pinheiro e da Areia. Hoje, serve de endereço a pequenas oficinas, mas principalmente a casas de vendas a varejo, bastante procuradas por consumidores pessoenses.

Sérgio Botelho

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.