
O ambiente na classe política paraibana é de agitação permanente, com especulações a perder de vista sobre cenários para a eleição ao governo do Estado em 2026 e até mesmo reuniões, em João Pessoa e em Brasília, entre líderes de diferentes partidos, para traçar os rumos da sucessão do governador João Azevêdo (PSB), que estará concluindo seu segundo mandato à frente do Executivo. Esse “frenesi” constante tem produzido declarações que alimentam diariamente o noticiário da mídia e provocam, até mesmo, entrechoques por parte dos atores ou protagonistas, dada a divergência de pontos de vista e de preferências, mas em termos concretos não há nenhuma definição de nomes ou de alianças, o que acarreta insegurança nas bases e ocasiona enfrentamentos antecipados que, teoricamente, estariam reservados para embates futuros.
Da parte do governador João Azevêdo o empenho é árduo para manter a situação sob controle, partindo da premissa de que, no seu esquema, ele é o comandante do processo e, por via de consequência, o condutor das grandes decisões referentes à formação de chapa, que envolve, ainda, vagas para vice-governador, candidaturas ao Senado e suplentes de senador, sem falar nas nominatas que precisam ser feitas, de acordo com a Lei, sobre postulações ao pleito proporcional, quer à Assembleia Legislativa quer à Câmara dos Deputados. Em todo o país as especulações para 2026 se precipitam, inclusive, no que diz respeito à disputa para a Presidência da República, mas na Paraíba a sensação é de que há uma velocidade mais intensa, que praticamente ofusca o debate sereno de outros temas urgentes do interesse da população porque a evidência é concentrada na discussão pré-eleitoral. Pelo menos três partidos da base governista engalfinham-se no confronto de pretensões e ambições – o PSB do governador, o PP liderado pelo deputado federal Aguinaldo Ribeiro e o Republicanos comandado pelo presidente da Câmara Federal, Hugo Motta.
A bolsa de cotações oscila conforme o gosto dos “players” e dos seus seguidores ou apoiadores, que, em efeito cascata, revelam paixões, avaliam probabilidades, discorrem sobre supostos favoritismos, além de propor estratégias de composição para fortalecimento de candidaturas. A antecipação demasiada do processo eleitoral já ocorreu na campanha de 2022, tendo como marco o rompimento de Efraim Filho (União Brasil) com o bloco governista e sua migração para a oposição, onde consolidou candidatura vitoriosa ao Senado na única vaga em disputa naquele páreo. Nesse cenário específico, o esquema do governador perdeu tempo e demorou a se definir, vindo a lançar a candidatura de Pollyanna Werter ao Senado faltando 45 dias para o pronunciamento das urnas. Efraim beneficiou-se, ainda, na sua jornada, do apoio que o Republicanos manteve, mesmo com o engajamento na campanha de João Azevêdo ao governo. A rapidez de Efraim nos movimentos fez com que o “clã” Ribeiro descartasse a candidatura de Aguinaldo ao Senado, optando por indicar Lucas para vice de João. O Republicanos, enquanto isso, abriu mão de indicar qualquer nome para a chapa majoritária, focando nas eleições proporcionais onde obteve bom desempenho e na perspectiva de, em 2026, cobrar espaços efetivos de poder na realidade local.
A dados de hoje, o vice-governador Lucas Ribeiro e o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, debatem-se dentro do PP para conseguir a indicação ao governo, cada um expondo suas próprias motivações para pleitear o desideratum, enquanto no Republicanos são cogitados os nomes dos deputados Hugo Motta e Adriano Galdino (este, presidente da Assembleia Legislativa), bem como o do prefeito de Patos, Nabor Wanderley, pai de Hugo, lembrado para uma vaga ao Senado. O PSB, que sustenta uma hegemonia de quase duas décadas à frente do poder estadual, voltou a agitar nomes como o do secretário de Infraestrutura e Recursos Hídricos, Deusdete Queiroga, que já foi tido como “in pectoris” do governador João para a sua sucessão. Mas o chefe do Executivo opera no sentido de conter pretensões internas, para não prejudicar o seu próprio interesse de concorrer a uma vaga ao Senado. Este último ponto, aliás, é encarado como o grande fator de impasse que paralisa a evolução das discussões, pois envolve a saída de João do governo com a consequente ascensão de Lucas à titularidade e perspectiva deste ser alçado à candidatura ao Executivo, que, no caso, constituiria candidatura à reeleição.
A oposição não está parada mas depende, crucialmente, dos movimentos na seara governista para poder avançar em sua estratégia de tomada do poder. O senador Efraim Filho, um dos pré-candidatos ao governo, aposta muito em defecções dentro do esquema de João como requisito para o fortalecimento da chapa oposicionista e faz acenos constantes na direção de eventuais dissidentes ou insatisfeitos que porventura não encontrem espaço na chapa do Palácio da Redenção. Efraim disputa com o ex-deputado federal Pedro Cunha Lima (PSD) a primazia de indicação da candidatura ao Executivo e garante que a unidade é um grande trunfo desse bloco, em contraposição à fragmentação de interesses da base governista. Correndo por fora está o esquema bolsonarista, que aposta fichas na candidatura do ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a governador, com o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro. A pré-campanha tem sido animada por visitas a cidades do interior e cavalgadas de políticos junto a seus redutos cativos. Tudo se dá, porém, no campo especulativo, porque uma definição ainda parece distante, tanto na seara do governo como no agrupamento da oposição.