
Os sábados e domingos de Páscoa, na João Pessoa mais antiga (até a década de 1960) eram repletos de festas, verdadeiras folias pontuais fora de época.
No período, eram realizadas, tanto em clubes da época quanto na rua mesmo, as Micarêmes, grafadas assim mesmo, termo aportuguesado do francês mi-carême, que se refere a uma celebração tradicional que ocorre no meio da Quaresma. Uma pausa nos rigorosos limites nos quarenta dias que separam a Quarta-Feira de Cinzas ao Domingo de Ramos, para uma espécie de pé na jaca.
No entanto, pelo que li, ao menos na tradição paraibana, a festa, puxada por músicas carnavalescas, era mesmo realizada após a Quaresma, já na Páscoa. Momo era figura central no período, e, ao modo do Carnaval, percorria clubes (entre eles, o Esquadrilha V e o Astrea), e, evidentemente, se fazia presente às manifestações de rua.
Jaguaribe, como não poderia deixar de ser, comandava a folia, com desfiles de clubes de frevo e, até, de atrações interestaduais, especialmente, pela participação de ases do frevo pernambucano.
A rua da Conceição daquele tradicional bairro era o local dos desfiles, realizados em animadíssimo estilo e com participação popular garantida. Enquanto os clubes realizavam as micaremes nos sábados de Aleluia, Jaguaribe festejava a data nos Domingos de Ressureição.
As micaremes no Brasil já representavam um passo além da tradição cristã europeia. Mas como tudo no nosso país não para de ir além, surgiram as micaretas, uma clara ampliação do termo.
As micaretas, que começaram em Feira de Santana, na Bahia, seguem o mesmo estilo do Carnaval tradicional, com trios elétricos (caminhões equipados com som), blocos carnavalescos, bandas e músicas de estilos como axé, samba e outros ritmos dançantes.
Assim como no Carnaval, os participantes podem adquirir abadás, que são camisetas personalizadas que dão acesso a blocos específicos. Há também opções de “pipoca”, onde os foliões assistem gratuitamente sem estar em blocos.
Algumas micaretas se tornaram extremamente populares, como o Fortal (em Fortaleza), o Carnatal (em Natal) e a Micarande (em Campina Grande). As micaretas impulsionam o turismo e a economia local, movimentando hotéis, restaurantes e outros serviços nas cidades onde acontecem.
Mas isso já é uma outra história.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba