PMDB chama feito à ordem

Por Nonato Guedes

As informações procedentes de Brasília são de que, na sua visita à Paraíba na próxima quinta-feira, o vice-presidente da República, Michel Temer, tentará enquadrar peemedebistas do Estado no sentido de se integrarem à campanha do senador Vital do Rêgo ao Palácio da Redenção. O vice, que reassumiu a presidência do diretório nacional do PMDB, da qual estava licenciado, tem informações concretas sobre a realidade paraibana, entre as quais a de que a postulação de Vital não é levada a sério por alguns peemedebistas, que cristianizam o seu nome e apoiam outras candidaturas.

De acordo com as versões, Michel Temer está decidido a pressionar prefeitos, líderes políticos e outros peemedebistas que anunciam e anunciaram adesões a candidatos ao governo lançados por outros agrupamentos. Acena, inclusive, com uma ameaça: a possibilidade de ingressar na Justiça contra quem não seguir a cartilha elaborada pela direção nacional. Descobriu-se que para manter um suposto vínculo de apoio ao PMDB, alguns expoentes do partido na Paraíba estão lançando mão de uma estratégia bastante conhecida: revelam apoio a Cássio Cunha Lima ou a Ricardo Coutinho ao governo e, para compensar, avisam que estão comprometidos com a candidatura do ex-governador José Maranhão ao Senado. Uma tática que tem surtido efeito até agora, por leniência da cúpula nacional, mas que deverá ter um freio e logo.

      O senador Vital ingressou de última hora na disputa majoritária pelo PMDB, encabeçando chapa ao governo, em substituição ao irmão, Veneziano, ex-prefeito de Campina Grande, que resolveu desistir por não ter encontrado apoio suficiente para motivá-lo a seguir no confronto. Numa decisão tomada pelo “clã” familiar, Veneziano parte agora como candidato a deputado federal, devendo ocupar a vaga que atualmente é preenchida pela sua mãe, Nilda Gondim. Com isto, o ex-prefeito praticamente joga por terra a aspiração de postular o governo do Estado, que já vinha sendo amadurecida desde 2010, quando foi preterido por José Maranhão, que acabou perdendo a batalha para o atual governador Ricardo Coutinho, aboletado no seu PSB.

      Um raciocínio dominante em esferas peemedebistas sinalizava, então, que Veneziano seria o candidato mais forte para representar as hostes do partido na disputa majoritária, diante da sua juventude e, ao mesmo tempo, da passagem pela prefeitura de Campina em dois mandatos, o que lhe garantiu certa experiência em termos administrativos. Veneziano ainda logrou tentar massificar o seu nome por diferentes regiões do Estado, participando assiduamente de seminários promovidos pelo PMDB a pretexto de “repensar” os problemas locais e oferecer novas alternativas de solução para esses desafios. Foi assim que o ex-pré-candidato se plantou em cidades-polos, no brejo e no sertão da Paraíba, defendendo suas propostas em favor de uma nova realidade administrativa focada no desenvolvimento econômico com a inclusão social e na geração de oportunidades concretas de emprego e renda para parcelas da população mais carente. Esse discurso foi combinado com a cúpula peemedebista e mesclado de críticas a gestões do tucano Cássio Cunha Lima e à atual administração do governador Ricardo. A estratégia era estabelecer, assim, a diferença.

      Vital não titubeou em assumir o desafio de substituir o irmão na corrida sucessória. E começou atrelando sua campanha, automaticamente, à da presidente Dilma Rousseff, como manobra para esvaziar a coligação feita pelo PT paraibano com o PSB do governador Ricardo Coutinho (que está comprometido com a candidatura de Eduardo Campos ao Palácio do Planalto). Também notou-se da parte do senador uma agressividade maior na condução da candidatura ao governo, buscando injetar otimismo nas bases. Enfim, o último cartucho vai ser a “mediação” da cúpula nacional