Os planos do ex-senador Wilson Santiago (PTB) estão dando com os burros n´agua

“Casadinha”: miragem

POR NONATO GUEDES

Que chapa “casadinha” que nada! Os planos do ex-senador Wilson Santiago (PTB) estão dando com os burros n´agua. Ele tinha a ilusão de que, saindo candidato ao Senado na coligação com Cássio Cunha Lima, que é favorito nas intenções de voto ao governo, embora enfrente pendências judiciais que colocam em risco sua candidatura, poderia ser puxado automaticamente na campanha e, por via de consequência, guindado à única vaga que está em pauta. O que acontece, de concreto, é que líderes políticos no interior prometem voto a Cássio mas pedem a liberação para a senatória.

Isto faz com que o eleitor promova uma migração de votos – ora para Lucélio Cartaxo, que é postulante pelo Partido dos Trabalhadores numa coligação ainda subjudice com o esquema do governador Ricardo Coutinho, ora para José Maranhão, que se lançou como alternativa pelo PMDB, fazendo dobradinha com Vital do Rêgo para o governo do Estado. Santiago já foi adversário de Cássio na disputa de 2010, assumiu o lugar dele enquanto Cunha Lima desenrolava querelas jurídicas, mas acertaram ponteiros para 2014, especialmente depois que Wilson abocanhou o controle do PTB, passando a dispor de tempo para oferecer no Guia Eleitoral, sem falar na penetração que ele detém em redutos de cidades do sertão paraibano e outras regiões, além de uma malha de prefeitos e vereadores comprometidos com seu nome.

Como contornar esse dilema que surgiu de afogadilho na campanha já em andamento, depois que as convenções foram realizadas? O empenho maior, naturalmente, será exigido da parte de Wilson Santiago, a quem compete oferecer atrativos a lideranças políticas interioranas que não demonstram empatia com a sua postulação senatorial. Mas é evidente que o candidato a governador, Cássio Cunha Lima, será chamado a fazer sua parte no contencioso. Já tivemos casos de candidatos, na Paraíba, que condicionaram sua vitória ao voto em chapa casada, a pretexto de gerar afinidade na intenção de voto. Em alguns episódios, como mostra a história, esse tipo de argumento funcionou plenamente. Em outros, porém, não ‘sensibilizou’ nada.

A questão está colocada como prioridade na pauta de discussões. Santiago deixou os quadros do PMDB, pelo qual concorreu a senador em 2010 e foi bem votado, ficando em terceiro lugar no cômputo geral. Posteriormente, o metro quadrado ficou bastante estreito para acomodar a ele e a outros cardeais peemedebistas, como o ex-governador José Targino Maranhão. Santiago valeu-se de influências que havia construído em Brasília e surpreendeu a todos investindo-se no comando do PTB paraibano, em substituição a Armando Abílio, que estava sem pique para levar à frente a agremiação trabalhista e vinha de profecias equivocadas em alguns pleitos. Mas Santiago não dispôs de tempo, ainda, para estruturar o PTB como ele queria, ou seja, formar um partido competitivo, em condições de disputar a campanha de 2014 com chances. Tudo isto, aliado ao fato de que Wilson está sendo “cristianizado” na chapa conjunta por outros nomes aleatórios, obriga a que a conjuntura seja repensada. O grande desafio pessoal de Santiago é o de demonstrar que agiu corretamente ao largar o PMDB e passar a ser neotrabalhista no Estado. Falta demonstrar que possui os votos.

Numa disputa majoritária, afinal de contas, deve haver uma espécie de simbiose entre postulantes. Nessa circunstância, Cássio deveria somar votos para Santiago, enquanto Santiago deveria reforçar Cássio em áreas vulneráveis que porventura este viesse a enfrentar no embate já em andamento. Como não está havendo o “casamento” de candidaturas, gera-se uma zona de sombra e, no seu bojo, uma apreensão no que diz respeito aos rumos que possa vir a tomar a chapa Cássio-Ruy-Santiago. É um assunto que passou a incomodar seriamente os ‘artífices’ da coligação.

TÓPICOS

…..Pelo menos 20% dos pedidos de impugnação de candidaturas no país, detectados pelo Ministério Público Eleitoral, foram baseados na chamada Lei Ficha Limpa, a Lei Complementar número 135 que pune agentes políticos acusados de conduta vedada e de abuso do poder. O procurador-geral eleitoral, Rodrigo Janot, considerou elevado o número de impugnações tomando por escopo esse dispositivo e disse que vai defender que a norma seja aplicada na íntegra para evitar o escoamento de brechas que possam ser utilizadas por políticos passíveis de sanções ou de outras condenações.

….O deputado federal Wellington Roberto, presidente do PR, integra a coligação encabeçada pelo PSDB que tem o senador Cássio Cunha Lima como candidato a governador. Até aí, nada demais. Ocorre que Wellington Roberto confessou que está dividido entre apoiar o ex-governador José Maranhão (PMDB) ou Lucélio Cartaxo (PT) para o senado. Ou seja, não cogita, em hipótese alguma, apoiar Wilson Santiago. “O meu acordo celebrado com Cássio se restringe a disputa ao governo”, esclareceu ele.

….O candidato tucano a presidente da República, Aécio Neves, comemorou o resultado de pesquisa do Datafolha, na qual aparece tecnicamente empatado com a presidente Dilma Rousseff na eventualidade de um segundo turno. “É mais uma pesquisa que confirma que teremos o segundo turno. Para mim, esta possibilidade vai se tornando cada vez mais concreta”, assinalou o ex-governador de Minas Gerais. Para Aécio, a perspectiva de dois turnos é reflexo de “um sentimento crescente de mudança e de cansaço com tudo isso que está aí”.

…..Ainda repercute intensamente nos meios culturais do país o falecimento de João Ubaldo Ribeiro, escritor nascido na Bahia, premiado internacionalmente e que legou obras como “Sargento Getúlio”, “O Sorriso do Lagarto” e “Viva o Povo Brasileiro”. João Ubaldo teve várias de suas criações traduzidas para o cinema e a televisão. No livro “Viva o Povo Brasileiro”, ele reconta a história do Brasil desde a Colônia, utilizando também personagens fictícios e contando a versão dos oprimidos. Já “O Sorriso do Lagarto” versa a respeito de um crime que acontece em uma pequena ilha de Santa Cruz e estranhas experiências genéticas entre répteis e humanos. “Sargento Getúlio” explora o banditismo no Nordeste e sua exploração pelos políticos.