Polêmicas

A COERÊNCIA DE ANASTÁCIO

POR PAULO SANTOS

FREI ANASTACIO

O líder do PT na Assembleia Legislativa da Paraíba, frei Anastácio, já foi acusado de inúmeras coisas: incendiário, incentivador de invasões em propriedades rurais e prédios públicos e adepto da desobediência civil em defesa dos sem-terras, dentre outros rótulos manos votados.
Nada disso, entretanto, o tem incomodado nem desvirtuado seu caminho mesmo que, aqui e acolá, se exceda e às vezes seja obrigado a pedir desculpas em reconhecimento a alguns destemperos verbais em acaloradas discussões. Os religiosos também erram, como qualquer mortal comum.

O frei Anastácio, batizado com o nome de Antônio Ribeiro, pode ganhar novo rótulo: uma “ilha de coerência”. Teve a ousadia de ir á tribuna da Casa Epitácio Pessoa para dizer, em alto e bom som, que se mantém fiel à bancada de oposição e dali não arreda pé, mantendo-se fiel ao comportamento que vem adotando ao longo do atual mandato nos últimos três anos e meio.
Não é fácil ser coerente nesse deserto de responsabilidade e caráter que assola a política brasileira e, em especial, a paraibana. Chega a surpreender que Anastácio tenha se posicionado em favor do respeito às pessoas que se suicidaram, aos milhares de servidores públicos perseguidos, às crianças que ficaram sem escolas e outros tantos que não têm onde pedir socorro porque as delegacias de Polícia estão fechadas.
A coerência não se traduz em discursos. Vai muito além. Pode ser ponto de partida para a reflexão de outros que, como Anastácio, se diziam ao lado dos perseguidos e oprimidos e agora, sem quaisquer razões plausíveis, resolvem se banquetear na mesa fértil da mentira e do engodo.
Anastácio não se considera dissidente. E não pode considerar-se dessa forma pois não foi ele quem mudou de trajetória. Seu comportamento retilíneo está sendo observado – e absorvido – pela sociedade. E deve ser ressaltado para desmentir a tese de que “todo político calça 40”. O sapato do líder do PT tem outro número.
E os “desavisados”, como cognominou Anastácio, não deveriam se surpreender com esse comportamento do parlamentar. Como ele poderia endossar conchavos se seus companheiros se os principais interessados em sua reeleição – os trabalhadores rurais – estão há muito abandonados na Paraíba? E não são poucas almas nesse balaio.
É salutar perceber que a atividade política na Paraíba ainda não sepultou definitivamente a coerência e o respeito aos princípios básicos da moralidade, apesar de tantos maus exemplos que teimam em vir à superfície em plena luz do dia e contra aqueles que agora se redimem de erros cometidos no passado.
Anastácio pode – e deve – ser reconhecido por sua coerência. Mesmo que procure amortecer suas críticas aos companheiros de partido deve saber que seu posicionamento eleva o nível político da Paraíba e. mais ainda, oxigena que outros setores da sociedade se sintam – sobretudo os mais jovens – encorajados a resistir contra a estupidez, a ignorância e à mentira.