casa sustentável

Casa feita de cannabis não dá 'barato', mas é resistente e ecológica

Os proprietários, ativistas ambientais, solicitaram uma residência que fosse sustentável.

Quando ouvimos falar em cannabis, logo pensamos no efeito que a maconha causa. Mas o cânhamo, planta da qual é derivada a maconha e o haxixe, também pode ser usado na construção civil, promovendo “conforto termoacústico e bioclimático”, afirma Monika Bümmer, arquiteta alemã, radicada na Espanha. A espécie usada para esse fim contém baixo teor de tetrahydrocannabinol (THC) e não dá “barato”.

As fibras de cânhamo são aliadas para o equilíbrio ambiental, pois a fabricação não gera CO2, ao contrário do cimento, “cuja produção representa 8% das emissões no mundo”, segundo o pesquisador Robbie M. Andrew, intensificando o aquecimento global. Durante sua vida útil, o cânhamo ainda tem o poder de sequestrar CO2 da atmosfera. Outra vantagem é não exigir pesticidas nem herbicidas em seu cultivo.

O registro mais antigo do cânhamo data de 2800 a.C., na China, hoje líder na produção mundial. Redescoberto há pouco tempo, seu cultivo tem sido legalizado pelo mundo, como na Europa, em 1998, onde não existem limitações com relação a sua plantação, sendo apenas necessário informá-la às autoridades locais. A saber: um hectare de cânhamo produz fibra útil ao equivalente a dois hectares de algodão

Na Construção Civil, o cânhamo aparece no século 6, na França, em pilares de pontes. O país é pioneiro na recente história com a reabilitação da Maison de Turque, uma casa histórica do século 16, em Nogent-sur-Seine. Há 20 anos, o autoconstrutor Charles Rasetti encontrou na argamassa de cal e cânhamo uma alternativa mais leve e mais isolante que os materiais tradicionais.

Esta casa, situada em Mount Carmel, em Israel, foi projetada com materiais naturais baseados no cânhamo pelo escritório de arquitetura Tav Group, pioneiro em ecoconstrução no país. Os proprietários, ativistas ambientais, solicitaram uma residência que fosse sustentável.

As paredes externas da casa em Mount Carmel, exceto as de pedra, foram moldadas por artesãos locais em cânhamo, proveniente da França –uma vez que ainda não é possível cultivá-lo no país–, e cal. Reforçada pelas fibras da planta, a cal, quando seca, fica tão dura e porosa, como uma pedra calcária. Como acabamento, gesso à base de cal.

“As paredes de concreto de cânhamo respiram. Têm a capacidade de controlar a umidade do ambiente e regular naturalmente a condição do ar, condensando e liberando o calor excessivo conforme necessário. Também são resistentes ao fogo e ecológicas durante a construção e o ciclo de vida”, diz Maoz Alon, arquiteto do Tav Group.

Fonte: UOL
Créditos: UOL