Reflexão

ABUSOS, HOMICÍDIOS, BULLYING: 'Muitas escolas teimam em não enxergar a violência que existe dentro delas', destaca professora paraibana

O massacre em uma escola de Suzano (SP), que deixou dez pessoas mortas, e o abuso sexual que eclodiu recentemente em uma escola privada de João Pessoa, são um sinal de que as instituições de ensino e as famílias brasileiras têm falhado gravemente no papel de educar e proteger as crianças. O assunto foi debatido no programa ‘Frente a Frente’, da TV Arapuan, nesta segunda-feira (18).

Foto: imagens de segurança mostram atirador que provocou massacre em escola de Suzano (SP)

O massacre em uma escola de Suzano (SP), que deixou dez pessoas mortas, e o abuso sexual que eclodiu recentemente em uma escola privada de João Pessoa, são um sinal de que as instituições de ensino e as famílias brasileiras têm falhado gravemente no papel de educar e proteger as crianças. O assunto foi debatido no programa ‘Frente a Frente’, da TV Arapuan, nesta segunda-feira (18).

A psicóloga Daniella Azevedo destacou que os casos de violência nas escolas mostram como a falha no processo educacional começa no lar. “As pessoas às vezes nem param para prestar atenção no filho, que é a prevenção. Como é que eu estou construindo o diálogo no meu lar? Como estou me comportando em relação a isso? Qual a referência que eu estou deixando para meus filhos?”, questionou.

A professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Adelaide Alves destacou que a violência é um aspecto complexo e que tem muitas faces. “Precisa ser um enfrentamento conjunto, de família, escola, sociedade, igreja, comunidade, pois a escola está dentro de uma sociedade e sofre influências desse meio onde ela se encontra”, observou.

Adelaide lembrou que a violência externa adentra os portões das escolas e que é necessário um canal de diálogo entre escola e família para prevenir crimes. “Se você tem uma comunidade que é violenta, essa violência acaba chegando na escola. (…) A escola precisa se abrir no diálogo com as famílias. Ela precisa começar a trabalhar essa dimensão da violência no seu projeto político pedagógico”, defendeu.

Adelaide observou ainda que “Infelizmente muitas escolas teimam em não enxergar que elas são passíveis de violência. É como se a escola colocasse uma barreira e dissesse que a violência não entra. (…) E aí você tem todo tipo de violência, não só física, mas também simbólica. Quando você deixa de falar com aquele coleguinha porque ele é gordo ou afeminado, por exemplo. As violências simbólicas são tão perversas quanto a violência física”, lembrou.

O Promotor da infância e da adolescência de João Pessoa, Alley Escorel, acrescentou que a sociedade passa por uma grande dificuldade na resolução desse problema, que é a intolerância aliada à violência. “As opiniões contrariadas geram uma irritabilidade. Você quer agredir as pessoas, estamos vendo isso entre os adultos e os filhos acabam vendo esse tipo de comportamento. E aí quando você vive um momento extremo de violência, dá muito mais trabalho educar os filhos”, disse.

 Já o diretor executivo de desenvolvimento estudantil do Governo da Paraíba, Thulio Serrano, opinou que um dos meios para se resolver esses problemas é incluir no currículo do professor a compreensão da sociedade.  “O maior desafio é poder compreender hoje que o educador vai ter que ter também dentro de sua formação, dentro das didáticas de ensino, compreender um pouco da emoção social. Esse é um grande desafio. (…) E o principal é compreender quem é aquele jovem que está dentro da escola, de onde ele parte. Cada pessoa tem uma individualidade”, ponderou.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba