'Seringas com sangue'

Metade das vítimas de agulhadas no São João de Campina Grande não segue tratamento, diz Saúde

Os 44 casos notificados de pacientes que deram entrada no Hospital de Trauma de Campina Grande informando que foram feridos por agulhadas no São João 2018 em Campina Grande, apenas 21 estão dando continuidade ao tratamento, até esta quinta-feira (21). A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde do Município.
Segundo a assessoria, os dados foram levantados junto ao Serviço de Atendimento Especializado (SAE) do município, que presta assistência aos pacientes nestes casos. O tratamento preventivo é para doenças e vírus que podem ser transmitidos por possíveis agulhas contaminadas, como o vírus HIV, sífilis e hepatites.

O que se sabe sobre as ‘agulhadas’ no São João 2018 de Campina Grande

A busca pelo SAE é necessária pois, no Hospital de Trauma, o paciente recebe apenas uma primeira parte do tratamento. As demais doses são fornecidas pelo serviço de saúde do município. “Todos os casos estão sendo tratados com muita seriedade tanto pelo Trauma, como pela Saúde do município. Depois da primeira dose no Trauma, os pacientes são encaminhados para o SAE”, disse o diretor de Vigilância em Saúde de Campina Grande, Miguel Dantas.
Ainda segundo Miguel Dantas, entre os 23 pacientes que não procuraram o SAE, existem casos em que o ferimento na pessoa foi analisado e considerado insuficiente para transmitir tais doenças e outra parte não quis continuar o tratamento.

“Em alguns desses casos, depois de análises, foi constatado que os ferimentos foram confundidos com arranhões que podem ser provocados por unhas, brincos, espetos de churrasco ou outros objetos pontudos. Neste caso não foi necessário continuar com a medicação. Mas também temos casos de pessoas que não procuraram o SAE e não quiseram, e nós não podemos obrigar”, disse Miguel Dantas.
Ainda de acordo com o diretor de Vigilância em Saúde, alguns pacientes que não quiseram continuar o tratamento alegam ter medo de ter a identidade revelada. Mas ele destaca que todo o acompanhamento é feito de forma sigilosa e que os dados do paciente são protegidos pela justiça.

“O sistema de acompanhamento é feito de forma extremamente sigilosa. Até as pessoas que registram os dados trabalham de costas e não podem ter nenhum tipo de comunicação com as outras. A prova desse sigilo é que hoje temos mais de mil pessoas em Campina Grande passando por tratamento e nunca nenhuma teve dados revelados. Inclusive existem punições por parte do Ministério da Saúde se isso ocorrer”, explica Miguel.

Seringas com sangue foram encontradas perto do Parque do Povo, durante o São João 2018 de Campina Grande (Foto: Henry Fábio/Polícia Civil)

Entenda o caso

Desde o dia 11 de junho deste ano, pacientes começaram a procurar o Hospital de Trauma de Campina Grande alegando ou suspeitando que foram feridas por agulhadas. Algumas relatam que os ferimentos ocorreram enquanto estavam no Parque do Povo, na festa do São João 2018 e outras em um bloco junino que aconteceu no dia 3 de junho.
Depois das notificações a Polícia Civil abriu um inquérito para investigação. Das pessoas que foram ouvidas pela Polícia Civil, segundo o delegado Henry Fábio, apenas duas relataram que sentiram o ferimento e em seguida viram um objeto semelhante a agulha. Até esta quinta-feira (21) nenhum suspeito foi preso nem identificado.
Na madrugada do último domingo (17), quadro seringas com sangue diluído em soro e uma lâmina de bisturi foram apreendias numa rua próxima ao Parque do Povo, mas exames laboratoriais comprovaram que não havia presença de vírus ou doenças, no sangue. A Polícia Civil ainda aguarda outro exame para saber se o sangue que estava nas seringas é humano.

Fonte: G1
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