TCE revela que pelo menos R$ 50 milhões são desviados anualmente na Paraíba

Dinheiro daria para construir 25 escolas e dois hospitais; passeio ciclístico em JP abre semana de combate

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Por ano, a corrupção desvia R$ 50 milhões na Paraíba, segundo dados do Tribunal de Contas do Estado (TCE). “Esse dinheiro daria para construir 25 escolas públicas de ponta com oito salas de aula cada uma e mais dois hospitais modernos, melhores do que o Trauma. Então, todo ano, o Estado perde para a corrupção 25 escolas e dois hospitais. É um grande prejuízo para a sociedade”, revelou o promotor de Justiça, Marinho Mendes, um dos organizadores do 2º Passeio Ciclístico da Paraíba “O que você tem a ver com a corrupção?”. Amanhã, 9 de dezembro, é Dia Internacional contra a Corrupção.

O Passeio Ciclístico aconteceu na manhã de ontem, em João Pessoa e marcou a abertura da Semana de Combate à Corrupção, que acontece entre de 7 a 12 deste mês. Centenas de ciclistas percorreram 5,4 km (da Praça da Independência, no bairro de Tambiá até o Busto de Tamandaré, orla marítima) com bandeiras do Brasil, cartazes de protesto contra a corrupção e até mesmo enfeitados com perucas coloridas e buzina.

Marinho Mendes acrescentou que no País são desviados, por ano, R$ 130 bilhões (dados da Fundação Getúlio Vargas), suficiente para construir 800 novos hospitais. “No mundo, a corrupção desvia R$ 1,5 trilhão, de acordo com a ONU. Esse dinheiro daria para acabar com a miséria do mundo 10 vezes”, afirmou o promotor.

O passeio, segundo Marinho Mendes, faz parte de uma campanha do Ministério Público e ontem aconteceram ações contra a corrupção em todo o País. Na Paraíba, o evento contou com o apoio da Prefeitura da Capital, através da Secretaria de Transparência Pública, do Fórum Paraibano de Combate à Corrupção (Focco), Exército Brasileiro, Tribunal de Contas do Estado (TCE) e Controlaria Geral da União (CGU).

Prejuízos

Segundo Marinho Mendes, o objetivo do evento é manter a discussão de um problema que está mexendo com toda sociedade. “É introjetar esse sentimento de indignação e combate à corrupção e colocar cada pessoa como controladora da administração pública”, afirmou. Ele ressaltou que há diversos prejuízos com a corrupção. “Na educação, que não é de qualidade, uma saúde inexistente, drogas, segurança pública, qualidade de vida é tudo prejudicado”, frisou. Nos últimos anos, segundo Mendes, a corrupção tem crescido e o Ministério Público pede uma reforma no judiciário porque de cada R$ 100 desviados, só R$ 0,07 retorna aos cofres públicos.

Programação da semana

Amanhã, às 9h30: No auditório do TCE será apresentado o relatório do Focco sobre os portais de transparência pública dos municípios paraibanos. Também serão entregues os prêmios aos cinco alunos vencedores do “1º Concurso de redação da campanha o que você tem a ver com a corrupção?”, promovido pelo Ministério Público da Paraíba e Secretaria Estadual da Educação. Em seguida, palestra sobre corrupção proferida pelo promotor Marinho Mendes.

Quarta-feira, às 18h: No auditório do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da UFPB, haverá três palestras: “Lei anticorrupção empresarial”, pelo auditor da CGU, Rodrigo Paiva, “Transparência e Combate a Corrupção”, pelo secretário de Transparência de João Pessoa, Eder Dantas, e “Contabilidade uma Ferramenta de Combate a Corrupção”, pelo professor Edson Franco.

Quinta-feira, às 8h: Será montada a Tenda da Transparência, no Ponto de Cem Réis, com apresentação de jogos educativos.

Sexta-feira, às 8h30: No auditório da Secretaria da Receita Municipal (Serem) com a realização minicurso “Educação Orçamentária”.

Protestos

Pelo 2º ano, o professor Diego Paiva, 30, participou do passeio. Este ano, levou um cartaz com a frase: “No Brasil, há muita impunidade e a corrupção está gerando desemprego, escolas mal estruturadas e problemas na saúde. Só tem trazido prejuízos para a sociedade”, disse.

A estudante Maria das Graças de Lima, 47, também protestou. “Ano passado participei e acho importante a gente ir às ruas mostrar nossa indignação. Além disso, o passeio é importante porque nos faz aliviar os estresses e ainda queima calorias”, comentou, acrescentando que gosta de se fantasiar como forma de protesto.
Correio da Paraíba