pistas e pontas soltas

SEGREDOS DA REPÚBLICA (I) - Por Júnior Gurgel

Os documentos oficiais sempre deixam pequenas pistas - se não vistas - esquecidas pela mídia, roteirista do quotidiano.

Para se conhecer um pouco da história do Brasil é necessário investigar pequenos detalhes onde se escondem os grandes segredos da nossa República. Os documentos oficiais sempre deixam pequenas pistas – se não vistas – esquecidas pela mídia, roteirista do quotidiano. Presidente Jair Bolsonaro foi entrevistado dia 04/06/2019 no Programa do Ratinho, transmitido pelo STB. Um boato aleatório surgido no Faceboock serviu de “gancho” para Ratinho perguntar ao Presidente, se iriam trocar as cores da nossa moeda. O presidente riu e confirmou que as notas de 50 e 100 reais terão novas cores, “assim pensa a equipe econômica”. Ratinho aproveitou o ensejo e disparou: tem muita grana guardada pelos políticos corruptos… Bolsonaro apenas riu.

A apreensão de 51 milhões de reais num “Bunker” do ex-deputado federal da Bahia, Gedel Vieira Lima, foi um dos grandes escândalos que sacudiu a nação. Só o volume de dinheiro deixou o país perplexo, sobre a dimensão inimaginável do quanto nos roubou a classe política nas últimas três décadas. Entretanto, o mais grave – que a imprensa silenciou – não foi esclarecer a origem do dinheiro. Mas, como ele conseguiu sacar todo este volume, sem que o COAF tivesse conhecimento. E de quais Bancos? Apareceu apenas uma agência do BB de São Paulo, mostrando valor irrisório de 400 mil reais. O MPF e PF deveria ter posto na cadeia todos os presidentes e diretorias dos Bancos onde Gedel fez estes saques, escondidos das instituições que controlam a movimentação financeira como o COAF. Mais de 14 horas, três máquinas contando dinheiro espalhado em nove malas… Um episódio deste porte é simplesmente impossível acontecer em um país sério, praticado por um membro do parlamento e do governo. Isto só já foi visto em “Bunker” do narcotráfico, e com moedas estrangeiras.

O “desavisado” delegado (PF) do caso Gedel – que nunca mais falou sobre o assunto – em entrevista após 48 horas do flagrante, deu pistas para derrubar o governo: “duas malas com mais de 4 milhões de reais, saíram direto da Casa da Moeda para as mão o Bunker da Bahia”. A partir desta declaração é desnecessário apontar a linha de investigação. Prisões imediatas da diretoria do Banco Central e Casa da Moeda. Depois se alcançaria, provavelmente, até o Ministro da Fazenda. A Casa da Moeda só imprime cédulas com ordem expressa do Banco Central, atendendo a um pedido de um Banco de linha: BB, CEF; Itaú; Bradesco e Santander. Quem pediu e quem autorizou a impressão? Após impresso, o papel moeda tem que ser depositado em um dos bancos já citados, para entrar em circulação. Em seguida, o Banco Central, informa aos órgãos de controle da moeda: COAF, Receita Federal; Tesouro Nacional… Como Gedel conseguiu esta façanha? Por que o Banco Central não se pronunciou e pediu a prisão da diretoria da Casa da Moeda? Que tipo de processo – mesmo administrativo – foi instaurado para apurar esta fraude de tamanha magnitude?

Em suas promessas de campanha, o presidente Bolsonaro admitiu um Banco Central Independente. Compromisso questionável que deve ser repensado pelo Ministro Paulo Guedes. Hoje, ambos tentam furar o cerco dos gatunos inescrupulosos como os Banqueiros, que querem fazer o governo refém de suas ganâncias. Coincidência ou não, o Ministro da Fazenda no dia 05/09/2017 – quando a PF encontrou o tesouro de Gedel – era Henrique Meirelles. E quem presidia o Banco Central? Ilan Goldgfajn, Chefe e sócio do Banco Itaú, licenciado (?). Quando o gato faz amizade com os ratos, o prejuízo fica para o dono do armazém. A Procuradora Raquel Dodge pediu 80 anos de cadeia para o criminoso Gedel Vieira Lima, a esta altura já apenas “suspeito” – apesar do flagrante – por falta de provas (?). O COAF não sabia da existência desta montanha de dinheiro. A Casa da Moeda tem o registro que imprimiu e entregou as cédulas. A quem? Não aparecem os nomes. Este dinheiro é legal? Para o sistema financeiro talvez sim, talvez não… É uma situação vexatória. Porém se for depositado é legalizado. A defesa de Gedel apega-se ao fato que a grana não circulou. E, Gedel é nitroglicerina pura: se apertá-lo explode, e com ele leva todo o sistema bancário cartelizado e corrupto.

O atual presidente do Banco Central é neto de seu fundador, ex-ministro do planejamento do governo Castelo Branco, Roberto Campos. Sua fundação em dezembro de 1964, permitiu a centralização e controle da moeda e do câmbio. Durante quase dois anos, o BANCEN não conseguiu quantificar o volume de dinheiro em circulação. A única alternativa foi criar o “Cruzeiro Novo”. Estipularam um prazo para que as notas fossem carimbadas, com um corte de três zeros, corrigindo seu poder de compra. Hoje a história se repete: não se sabe quanto dinheiro tem em circulação na praça. Uma dezena de pequenos Bancos entre 1966/67 cresceram assustadoramente, carimbando as notas e convertendo-as em depósitos no formato de “Letras de Câmbio”, expedida pelo Banco ao depositante, com prazos de resgates a perder de vista. O povo escondia o dinheiro? Não. Após o comício da Central do Brasil (13.03.64) Jango escolheu caminhos sem volta. Sua equipe e aliados – não com conhecimento dele – começaram a se preparar para “escapar”. A Casa da Moeda trabalhou em três turnos até 01.04.1964. Diariamente às remessas de dinheiro eram destinadas para os mais diversos pontos do país (entregues a políticos), que “prometeram” abastecer a população para uma longa greve. Comprar armas e contratarem solados mercenários. Ficaram com o dinheiro, apoiaram o novo regime e se tornaram bilionários. Castelo Branco ainda andou cassando mandatos de alguns… Mas, sem revelar o verdadeiro motivo. A maioria escapou. Se a Lei Rouanet começar a financiar projetos para pesquisas, Memorialistas – os poucos que restam – reescreverão os pontos obscuros de nossa história: “Os Segredos da República”. Perceberam que jamais entregarão o COAF a Sérgio Moro?

Fonte: Júnior Gurgel
Créditos: Júnior Gurgel