Futuro

"O problema não é a oposição. São os aliados" - diz líder do PSL no Senado em defesa de mudanças na articulação política

O governo começa a semana emparedado pelo Senado, que precisa reunir pelo menos 41 senadores nesta segunda-feira (3), dia em que tradicionalmente não há votações, para decidir o futuro de duas medidas provisórias (MPs 871 e 872) que perderão a validade se não forem votadas até o fim da noite. Entre elas, aquela que é considerada pela equipe econômica o embrião da reforma da Previdência, por fazer um pente-fino em benefícios pagos pelo INSS. Uma luta desesperada contra o relógio que foi criada pelo próprio governo, na avaliação do líder do partido do presidente Jair Bolsonaro na Casa, Major Olimpio (PSL-SP).

Em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco, Major Olimpio diz que o Planalto não municia os senadores, nem mesmo os quatro do PSL, com informações técnicas para defender as propostas do governo, isenta a oposição de responsabilidade pelas dificuldades enfrentadas por Bolsonaro no Congresso e cobra “para ontem” mudanças na articulação política – ele não precisa se de nome ou de conduta. O senador conta que já manifestou sua insatisfação diversas vezes ao próprio presidente e ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, mas que não recebeu qualquer resposta da parte deles.

“Não cabe a mim definir isso [mudança na articulação política]. Espero que mudem para ontem. Sinto o tempo todo a manifestação de desconforto da grande e esmagadora maioria dos senadores, entre aqueles que são sensíveis a votar com o governo”, reclama. “O problema do governo não é a oposição. São os próprios aliados”, ressalta.

Embora evite declinar nomes, Olimpio afirma que Onyx e os ministros

interessados na aprovação dos projetos  em discussão no Senado deveriam atuar de maneira mais articulada e eficiente. Ele cita, como exemplo, a situação das duas MPs que precisam ser votadas amanhã para não caducar.

Na quarta o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), anunciou um acordo para votação simbólica, no dia seguinte, das MPs 871 e 872, que estavam sendo aprovadas pela Câmara. Na quinta, porém, o acordo não se concretizou, segundo Major Olimpio, por absoluta desarticulação do governo. “Torço para que o governo dê certo. Apoio integralmente Jair Bolsonaro e quero que funcione.  Mas de quarta para quinta não teve articulação alguma. Foi uma pixotada”, classifica. “Foi tudo um jogo de cena na quinta, justamente para tentar justificar o que se tinha certeza de que não aconteceria”, compara.

O líder do PSL alega que o governo só não foi derrotado nas votações das medidas provisórias enviadas pela Câmara na semana passada para o Senado, como a MP 870, da reforma administrativa, graças à boa vontade da oposição. O senador conta que tem telefonado para todos os colegas pedindo que compareçam à sessão desta segunda, mesmo que seja para votar contra as medidas do governo, para garantir o quórum mínimo de 41 presentes. Olimpio acredita que pelo menos 64 dos 81 senadores registrarão presença. Desses, ao menos 17 deverão se posicionar contra as MPs, estima.

Fonte: Congresso em Foco
Créditos: Congresso em Foco