2 milhões em propinas

LAVA JATO PERTO DE AGUINALDO RIBEIRO: Janene dava dinheiro para todos os deputados do PP, diz ex-assessor do PP a Moro - VEJA VÍDEOS

O ex-assessor parlamentar João Claudio Genu, réu da Lava Jato, afirmou em depoimento nesta quinta-feira, 23, que entregou propina ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, primeiro delator da grande operação anticorrupção.

João Cláudio Genu, preso na Lava Jato, foi interrogado na ação penal em que é réu por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa
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O ex-assessor parlamentar João Claudio Genu, réu da Lava Jato, afirmou em depoimento nesta quinta-feira, 23, que entregou propina ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, primeiro delator da grande operação anticorrupção.
Genu, ex-assessor do ex-deputado José Janene (ex-PP, morto em 2010), informou ao juiz federal Sérgio Moro que está colaborando com a investigação.

Moro questionou Genu se sabia se havia dinheiro ‘direcionado para outros políticos’. O réu entregou ao Juiz a lista com os nomes de todos os deputados do PP que receberam dinheiro.

“Sabia. Desde 2004, o Janene dava dinheiro para bancada toda”, declarou Genu, preso na Lava Jato. Da Paraíba o beneficiado é o deputado Aguinaldo Ribeiro que faz parte da bancada e que já foi citado em outras operações da Lava Jato.

O ex-assessor foi interrogado em ação penal que responde por corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro envolvendo valores desviados do esquema de corrupção na Petrobrás.
A força-tarefa aponta que o ex-assessor parlamentar teria recebido R$ 6 milhões do esquema, mesmo enquanto era julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no Mensalão.

Ao juiz da Lava Jato, Genu declarou que, a partir de 2007, passou a trabalhar diretamente com Janene e recebia remuneração de R$ 50 mil mais as despesas que tinha. Segundo Genu, ele era responsável por organizar ‘tudo o que o Janene fazia’.

Durante o interrogatório, o ex-assessor afirmou que sabia da existência do esquema de corrupção e propinas da Petrobrás. Genu relatou que recebeu dinheiro de entregadores do doleiro Alberto Youssef para entregar ao Paulo Roberto Costa na época em que o executivo era diretor da estatal.

As investigações apontam que Genu era um dos beneficiários e articuladores do esquema de desvio de recursos da estatal petrolífera, recebendo um porcentual fixo da propina destinada ao PP.

De acordo com os procuradores, o ex-assessor permaneceu ‘associado de forma estável e permanente à organização criminosa que vitimou a Petrobrás pelo menos até a deflagração da Lava Jato em 17 de março de 2014’.

 

NA ÉPOCA – epocanegocios

Lava Jato: réu no mensalão, ex-assessor do PP recebeu R$ 2 milhões em propinas

O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF)informaram que o então assessor do ex-deputado federal José Janene (morto em 2010) e ex-tesoureiro informal do PP João Cláudio Genu recebeu cerca de R$ 2 milhões em propinas entre 2005 e 2013 no esquema investigado pela Lava Jato. Genu foi um dos presos na 29ª fase da Lava Jato, deflagrada hoje (23).

De acordo com o delegado federal Luciano Gomes de Lima, Genu e o sócio Lucas Amorim receberam, por meio de empresas, mais de R$ 7 milhões “sem qualquer justificativa ou identificação de origem”. Deste total, estima-se que R$ 2 milhões eram referentes a propinas.

“Já é possível fazer paralelo entre o mensalão e a Lava Jato com nitidez mais aprofundada neste momento. No mensalão, Genu foi condenado por ter sacado R$ 1,4 milhão. Na Lava Jato, temos mais de R$ 2 milhões de pagamentos comprovados de propina”, disse o delegado, em entrevista coletiva de na Superintendência da PF no Paraná. Genu e Lucas Amorim são sócios em várias empresas.

Conforme o investigador, Lucas Amorim e Genu recebiam os valores em espécie, ora das mãos do doleiro Alberto Youssef, ora das mãos de empregados de Carlos Chater, dono do posto de combustível da Torre em Brasília. “Vários colaboradores disseram isso. Temos várias provas”, disse.

Genu foi, junto com Janene, denunciado na Ação Penal 470, o mensalão, acusado de sacar mais de R$ 1 milhão em espécie das contas da empresa SMP&B Comunicação, controlada por Marcos Valério Fernandes de Souza, para repassar a parlamentares federais do PP.

À época do mensalão, Genu foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção e lavagem de dinheiro, mas houve prescrição quanto ao crime de corrupção e ao crime de lavagem de dinheiro. Posteriormente, o assessor foi absolvido no julgamento de vários embargos infringentes.

De acordo com a Polícia Federal, durante as investigações da Lava Jato, surgiram indícios da participação de Genu no esquema de corrupção envolvendo contratos com a Petrobras. Conforme as investigações, o assessor continuou recebendo repasses mensais de propina, mesmo durante o julgamento do mensalão e após ter sido condenado. Os repasses ocorreram, no mínimo, até 2013.

“Peso estratégico”
Segundo o procurador da República Diogo Castor, Genu “tem um peso estratégico muito importante para investigação porque era um dos principais cabeças do esquema de vantagens indevidas ao PP”. Ele tinha percentual fixo e habitual de valores, a exemplo do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Youssef.

“Temos convicção de que a detenção dele é imprescindível para o bom avanço das investigações, para que pare de cometer esses crimes, e para localizar os ativos desviados. Genu foi mencionado por Youssef, Fernando Soares e Carlos Rocha por vantagens indevidas da diretoria de abastecimento. Esse recebimento dele era sempre em espécie, o que fez a investigação levar um pouco mais de tempo.

Foram várias aquisições de bens e em espécie, como apartamentos, joias e depósitos em empresas, além das entradas dele no escritório de Youssef. Além disso, as comunicações dele por meio de WhatsApp e o Skype envolvem servidores públicos”, acrescentou.

Os investigadores disseram que, do total de propina recebida, 5% ficavam para Genu e outros 5% para Youssef. Parlamentares do PP, ligados ao esquema, dividiam 30% da propina. Isso resultava, segundo o delegado Luciano Gomes de Lima, em valores que variavam entre R$ 30 mil e R$ 300 mil para cada um dos parlamentares.

Nesta manhã, a PF deflagrou a 29ª fase da Lava Jato, chamada Operação Repescagem, com seis mandados de busca e apreensão, um mandado de prisão preventiva e dois mandados de prisão temporária que estão sendo cumpridos em Brasília, no Rio de Janeiro e Recife.

Os mandados foram expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba na investigação sobre crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva e ativa envolvendo verbas desviadas da Petrobras.

Outro investigado que teve mandado de prisão temporário expedido é o sócio de Genu, Lucas Amorim, que já preso em Brasília. Segundo a PF, ele era receptor das propinas que abasteciam o esquema do PP. Há também mandado de prisão temporária contra o empresário Humberto do Amaral Carrilho, dono de uma empresa distribuidora de combustíveis. Ele não foi preso por estar no exterior.

“Carrilho já é considerado foragido. Fizemos busca em sua residência declarada e já temos informações sobre o país onde ele se encontra. Agora estamos aguardando o contato de seu advogado antes de acionar a Interpol [polícia internacional]”, disse o delegado Luciano Gomes de Lima.

A 29ª fase da Lava Jato foi batizada de Repescagem porque o principal investigado foi condenado na ação do mensalão. Os presos e o material apreendido serão levados ainda hoje para a sede da Polícia Federal em Curitiba.

Fonte: estadão
Créditos: Julia Affonso, Ricardo Brandt e Fausto Macedo