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Janot presta depoimento à PF sobre irregularidades em delação da JBS

Ex-procurador-geral foi ouvido, na condição de testemunha, em seu gabinete.

O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot prestou depoimento à Polícia Federal (PF) na manhã desta segunda-feira, em inquérito que investiga supostas irregularidades nas delações premiadas de executivos do grupo J&F. Janot, que é subprocurador-geral da República, foi ouvido em seu gabinete na Procuradoria Geral da República (PGR), segundo fontes ouvidas pela reportagem.

Janot confirmou ao GLOBO que foi ouvido na condição de testemunha, mas não deu detalhes sobre o conteúdo do depoimento:

“O inquérito não investiga ninguém com prerrogativa de foro, corre na PRDF (Procuradoria da República no Distrito Federal) e eu fui ouvido na condição de testemunha”.

O inquérito da PF investiga a participação do ex-procurador da República Marcello Miller na colaboração premiada dos executivos da J&F. Miller atuou no grupo de trabalho da Lava-Jato montado na gestão de Janot. Quando já tinha deixado o grupo e ainda na condição formal de procurador, Miller prestou serviços aos candidatos a delatores.

A participação do ex-procurador e omissões nas delações levaram o então procurador-geral da República a pedir a rescisão da colaboração homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), pouco antes de deixar o cargo. O pedido de Janot já foi corroborado pela procuradora-geral, Raquel Dodge, para quem a palavra final, agora, é do próprio STF.

O pedido inicial foi para que o depoimento ocorresse no último dia 12, às 15h, na sede da PF em Brasília. O ex-procurador-geral informou que não poderia comparecer na data informada.

Ele alegou que membros do Ministério Público Federal (MPF) têm o direito de indicar data, hora e local em que podem participar de uma oitiva e explicou que tem uma viagem agendada para a Colômbia, entre os dias 17 de janeiro e 8 de fevereiro. Janot concordou, então, em prestar o depoimento em seu gabinete, conforme fontes ouvidas pela reportagem.

Um pedido de abertura do inquérito foi feito em setembro pela presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, após o então procurador-geral citar a existência de gravação com conteúdo “gravíssimo” que poderiam trazer o envolvimento de integrantes do STF.

O delegado responsável pelo caso elaborou relatório parcial afirmando que não foram encontrados indícios que mostrem o envolvimento de ministros do STF em irregularidades praticadas durante a negociação da colaboração da J&F. Também apontou que não cabe à PF investigar membros da Corte nessa ação.

Fonte: O Globo
Créditos: Vinicius Sassine / Bela Megale