O ex-vereador de Cabedelo e delator da Operação Xeque-Mate, Lucas Santino, reafirmou à Justiça os pormenores do esquema de corrupção que havia sido revelado por ele em delação premiada. Na audiência de instrução que ouviu os réus no âmbito das investigações, no início do mês, o delator confirmou citações à empresa Projecta e a um suposto esquema que teria beneficiado políticos do município através da distribuição de propinas.
Conforme o depoimento de Lucas Santino, gravado em vídeo e obtido pela redação do Polêmica Paraíba, a empresa, voltada ao fornecimento de insumos para a construção civil na Paraíba, teria repassado cerca de R$ 150 mil em propinas para que vereadores aprovassem uma permuta que permitiria a incorporação de uma rua à propriedade da empresa. O objetivo seria interligar a loja ao galpão da empresa – dois setores que ficavam separados por essa rua.
Segundo disse Lucas Santino na audiência de instrução, o acordo foi articulado pelo vereador Júnior Datele, que teria sido o responsável pela distribuição dos recursos repassados pela empresa Projecta. Ainda de acordo com Santino, Leto Viana e o então prefeito Luceninha também receberam parte da propina para articular o esquema. Após o pagamento, o legislativo municipal aprovou o projeto que permitiu a incorporação da rua ao terreno da empresa.
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Outro ponto destacado pelo detalor, é que a empresa Projecta teria prometido construir paradas de ônibus na cidade em troca do terreno, mas após a aprovação do projeto na Câmara, a empresa não teria cumprido essa parte do acordo.
Veja o vídeo com o depoimento de Lucas Santino após o texto.
Outro lado
O advogado Jovelino Delgado, que faz a defesa do ex-prefeito Leto Viana, negou que ele tenha recebido qualquer quantia da empresa Projecta. A defesa alegou que Lucas Santino mentiu ao mencionar o nome do ex-prefeito de Cabedelo nesse episódio.
“Na verdade, o que constatamos na audiência de instrução, é que o delator Lucas Santino faltou com a verdade em vários pontos, que serão abordados no decorrer do processo, na fase de alegações finais. Vamos elencar os pontos inverídicos alegados por ele, como o fato de ter repassado uma quantia ao então prefeito Leto Viana. Isso, inclusive, é comprovado por Leto em depoimento na esfera policial e ratificado em juízo. Ele apontou como se deu a transação da Projecta e em nenhum momento recebeu quantia da empresa”, pontuou o advogado Jovelino Delgado.
O advogado do ex-prefeito Luceninha, Eduardo Aníbal, também negou as acusações contra o cliente. Ele classificou as declarações de Lucas Santino como “ululantes”. Sobre a permuta do terreno, informou que a empresa Projecta construiu duas praças na cidade como contra-partida pela aprovação do projeto na Câmara.
“Não houve recebimento de propina nenhuma. O Tribunal de Contas aprovou essa permuta do terreno que foi feito com a Projecta. O então prefeito fez essa permuta porque passava uma rua no meio da empresa. Essa permuta foi feita para a empresa construir duas praças em Cabedelo, que foram construídas em entregue. Sobre a compra do mandato, a Polícia Federal investigou e não foi encontrado nenhum dinheiro referente a isso. As contradições apresentadas são ululantes, no sentido de que ele não foi pego nenhum dinheiro com Luceninha. As acusações não têm nenhum fundamento”, concluiu a defesa.
A reportagem também entrou em contato com a empresa Projecta. Uma das funcionárias da empresa avisou que “a pessoa responsável” entraria em contato com a redação, mas até o fechamento do texto, às 19h, ninguém respondeu à solicitação da reportagem. A redação ainda aguarda o posicionamento da empresa.
A reportagem não localizou a defesa de Júnior Datele.
A denúncia
Conforme a denúncia, os citados por Lucas Santino integravam uma organização criminosa em Cabedelo. Esse grupo teria sido responsável por vários crimes, sendo um dos principais deles a compra e a venda do mandato do ex-prefeito da cidade, José Maria de Lucena, mais conhecido como Luceninha. Outro crime descoberto no âmbito das investigações foi a distribuição de propinas a agentes políticos para dificultar a construção de um shopping na cidade. Ainda segundo a denúncia, houve esquemas envolvendo a contratação de servidores fantasmas, desvio de salários e irregularidades envolvendo a permuta e a doação de terrenos, a exemplo do caso citado nesta reportagem.
Veja vídeo do depoimento de Lucas Santino em audiência de instrução.
Novidade na Xeque-Mate
O empresário Roberto Santiago, preso cauterlamente desde março deste ano, obteve uma decisão favorável à sua soltura. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, acatou o pedido de habeas corpus impetrado em favor do réu. Ele deve ser liberado nesta quarta-feira (24) e a Justiça deve impor a ele outras medidas cautelares. Leia a seguir.
Juíza aguarda notificação do STF e soltura de Roberto Santiago deve ser determinada só nesta quarta
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Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba
