Opinião

EPITÁCIO PESSOA FOI HERÓI OU TRAPACEIRO ? 'Mandou mil homens matar 18 jovens covardemente' - Por José Caetano de Oliveira

“De repente, abalou a baía o troar de um canhão!” A comunidade do bairro fugiu, aterrorizada; sim, às pressas. Copacabana: um cemitério de gente viva, escondida alhures. O estrondo do canhoneio persistia; persistia sem abalar o espírito nacionalista de jovens cadetes acantonados no forte, por um esquadrão de Cavalaria, sitiado. Pasmem: um Batalhão de Infantaria; um Batalhão de Caçadores; forças de terra combinada com a divisão Naval, formada pelos couraçados “Minas” e “São Paulo” e mais quatro navios, auxiliados pelas esquadrilhas. O tempo pingava pungente, pois um rio de sangue escoaria nas areias de Copacabana. Eles…
…Eram dezessete! Estavam preparados para o enfrentamento bélico. Aguardavam a ordem de comando para, enfim, na Avenida Atlântica, contender. Naquela ocasião, a bandeira do Forte tremulava, em polvorosa; e como tremulava impaciente! Siqueira Campos desceu-a do mastro. Depois, os cadetes rasgaram-na; dividiram-na entre si. Por amor à pátria! O herói, em tais circunstâncias adversas, consciente de que iria morrer, logo decidiu ir à eternidade; porém, embrulhado no lençol que mais amou na vida: a bandeira. E quando os dezessete cadetes resolveram enfrentar a “coragem” de Epitácio Pessoa…

Apareceu um civil: Octávio Correia. Ele falou: – Se é para derrubar Epitácio Pessoa, vou com vocês! E assim sucedeu o confronto mais covarde da história brasileira: dezoito garotos resistiram, por duas horas e vinte e cinco minutos de combate. Epitácio Pessoa, em Palácio, enquanto “ladrava-lhe aos calcanhares sua cachorrinha predileta” autorizou a chacina: mil homens contra dezoito. Sobreviveram três.

Um menino de onze anos, filho do ministro Modesto Gugiari, inexplicavelmente fugira de casa. Quando reapareceu, explicou: – Fui à praia de Copacabana, pegar um pouco de areia manchada de sangue; quando eu crescer, quero ser bravo como eles.

Fonte: José Caetano de Oliveira
Créditos: José Caetano de Oliveira