opinião

Em pleno século XXI, as mulheres lutam por igualdade na política - Por Mabel Dias

"É preciso quebrar a desigualdade de gênero, como também de raça/etnia, classe, orientação sexual"

Na Câmara de João Pessoa, apenas três mulheres foram eleitas vereadoras. Outra que chegou para somar na representatividade feminina é Helena Holanda, do PP, que assumiu uma cadeira na casa como suplente do vereador Durval Ferreira. Este ficou cerca de 10 anos na presidência da Câmara. A vereadora Sandra Marrocos do PSB disse no programa Alô, Comunidade, transmitido pela Tabajara AM, no ultimo dia 11 de março, que seu mandato é feminista.

Como pudemos perceber, a participação das mulheres nesta esfera de poder municipal é bem inferior em relação à participação masculina. Na casa de Napoleão Laureano são 23 homens para 4 mulheres. Na Assembleia Legislativa são apenas 3 mulheres: as deputadas Daniela Ribeiro (PP), Estela Bezerra (PSB) – que também traz a bandeira do feminismo em seu mandato – e Camila Toscano (PSDB). Deputados são 36. E quando analisamos a participação das mulheres negras na politica do estado, o quadro fica ainda mais desanimador. Na Paraíba, contamos apenas com duas parlamentares que se identificam e lutam pela causa das mulheres negras, a deputada Estela Bezerra e a vereadora Sandra Marrocos.

Em relação às prefeituras paraibanas, são 181 homens para 42 mulheres, segundo dados da Famup. De acordo com o documento “Radiografia do Novo Congresso: Legislatura 2015-2019/Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar” , temos apenas 51 mulheres de um total de 513 cadeiras, apesar de termos uma lei que assegura que ao menos 30% de mulheres devem estar nas listas eleitorais partidárias. Ranking divulgado pela União Interparlamentar, informa que o Brasil está na 154º posição entre 193 paises com relação à ocupação de mulheres nos parlamentos. No continente latino americano, é o 3º pior colocado, atrás somente de Belize (183º) e Haiti (187º). Na América do Sul, é o país com menor representação feminina.

Tal quadro revela que, apesar de ser maioria da população, (51,6% – dados do PNAD2014), as mulheres não conseguem ocupar de maneira significativa posições de comando politico. Isto caracteriza o sexismo presente na sociedade brasileira. Para a juíza Kenarik Boujikian, do Tribunal de Justiça de São Paulo, “a falta do exercício continuo da igualdade de gênero é que gera o caldo de violência que atinge todas as mulheres, de todos os cantos do Brasil.”

E porque é importante ter mulheres em cargos de poder? Para além de responder essa pergunta, é fundamental que as mulheres tenham em primeiro lugar o seu poder pessoal e que ao assumirem postos de comando, trabalhem de fato para todas, e não em beneficio próprio. É preciso quebrar a desigualdade de gênero, como também de raça/etnia, classe, orientação sexual. O movimento feminista no Brasil a partir da década de 70, contribuiu para afirmar a presença das mulheres na esfera pública, reforçando seu protagonismo politico e denunciando as desigualdades e violências sofridas por elas. Mas, como vimos acima, ainda há muito por fazer. O empoderamento feminino consiste, não só no direito de ter autonomia sobre seu próprio corpo, mais também na liberdade de atuação politica e social.

Fonte: Mabel Dias
Créditos: Mabel Dias