Presidência da República 2018

Collor anuncia que vai concorrer à Presidência em 2018

O ex-presidente e atual senador por Alagoas, Fernando Collor de Mello (PTC), anunciou, nesta sexta-feira (19), que é pré-candidato à Presidência da República em 2018. O anúncio foi feito em entrevista à rádio Gazeta de Arapiraca (AL), pertencente ao grupo de meios de comunicação de sua família em Alagoas.

“Tenho uma vantagem em relação a alguns candidatos porque já presidi o país. Meu partido todos conhecem, sabem o modo como eu penso e ajo para atingir os objetivos que a população deseja para a melhoria de sua qualidade de vida”, disse.

Collor já foi presidente do país entre 1990 e 1992, quando se tornou o primeiro chefe da República a sofrer impeachment. Em seu lugar assumiu o seu vice, Itamar Franco.

Collor se filiou ao PTC em abril de 2016. O partido é uma nova versão do PRN. “Pesou na decisão a identidade programática e a relação histórica com dirigentes nacionais da legenda, como o presidente Daniel Tourinho. O partido, com o número 36, sucedeu o antigo PRN, sigla pela qual Collor elegeu-se presidente da República, em 1989”, disse o senador, em nota à época.

Réu na Lava Jato
Em agosto do ano passado, a 2ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu abrir ação penal contra o senador, que se tornou réu em investigação aberta a partir da Operação Lava Jato.

O STF tornou Collor réu pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e pertencimento a organização criminosa. A PGR (Procuradoria-Geral da República) ainda havia denunciado o senador por outros dois crimes – obstrução da justiça e peculato -, mas estes não foram aceitos pelo STF.

Também se tornaram réus ao lado de Collor Luis Pereira Duarte de Amorim, administrador de empresas ligadas ao senador, e Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos, apontado como operador do senador pela Procuradoria.

Entenda a denúncia contra Collor
A Procuradoria acusa Collor de ter utilizado influência do PTB sobre a BR Distribuidora para negociar R$ 29 milhões em propina oriunda de um contrato de troca de bandeira de postos de combustíveis, bem como em função de contratos de bases de distribuição de combustíveis.

Collor deixou o PTB em março do ano passado e migrou para o PTC, antigo PRN, partido pelo qual se elegeu presidente em 1989.

A denúncia descreve ainda o pagamento de propina por empresas representadas por Fernando Soares, o Fernando Baiano. O senador é acusado de receber R$ 1 milhão a partir de contratos de gestão de pagamentos e programa de milhagens.

A Procuradoria também acusa Collor de ter comprado carros de luxo, uma casa em Campos do Jordão, obras de arte e antiguidades como forma de lavar o dinheiro fruto do esquema de propina.

Os carros de luxo, apesar de serem de uso pessoal, eram registrados em nome de empresas ligadas ao senador. Collor adquiriu uma Lamborghini (por R$ 3,2 milhões), uma Ferrari (R$ 1,45 milhão), um Bentley (R$ 975 mil), uma LandRover (R$ 570 mil), um Rolls Royce (R$ 1,35 milhão) e uma lancha (R$ 900 mil).

Collor também foi denunciado por tentativa de obstrução à Justiça, por ter, segundo a Procuradoria, chegado a pedir o estorno de depósitos em dinheiro feitos em contas ligadas ao parlamentar, depois que comprovantes desses pagamentos foram encontrados em buscas em uma empresa do doleiro e delator Alberto Youssef. A denúncia por obstrução de Justiça foi rejeitada pelo STF.

O que diz o senador
Apesar de ter virado réu por três crimes, o senador Fernando Collor destacou, em nota, o fato de a Corte não ter aceitado a denúncia integral oferecida pela PGR.

“O Supremo Tribunal Federal impôs, no julgamento de hoje, uma primeira derrota à Procuradoria-Geral da República, pois, dos nove denunciados, somente a recebeu em relação a três deles, ainda assim em parte, afastando cinco de oito crimes imputados, tendo os Ministros da Corte, em discurso unânime, repudiado os excessos da acusação”, diz o texto.

“O senador acredita que, como no passado, terá oportunidade de comprovar sua inocência na fase seguinte do processo, colhendo, mais uma vez, o reconhecimento de sua inocência”, encerra a nota.

Em manifestação entregue ao STF, a defesa já havia alegado que Collor não participou da indicação da diretoria da BR Distribuidora, ato que não estaria dentro de suas atribuições como senador, e que não há nenhuma prova no processo de que o senador teria participado de um acerto para desviar dinheiro de contratos da empresa de combustíveis ligada à Petrobras.

O advogado de Luís Amorim, Fábio Ferrario, afirmou que seu cliente foi incluído na denúncia apenas por trabalhar em empresa ligada ao senador. Já o advogado Theodomiro Dias Neto, que representa Pedro Paulo Leoni Ramos, afirmou que a denúncia é desproporcional e cometeu excessos. (*Colaborou Felipe Amorim, de Brasília)

Fonte: Uol
Créditos: Uol