sem preconceito?

Bolsonaro vai participar de encontro com quilombolas para tentar reduzir rejeição

Encontro é organizado por líder de organização do Pará questionado por entidades

Denunciado por racismo pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) vai participar de um evento com quilombolas no próximo dia 13 em Parauapebas (PA). A ação é uma tentativa do candidato de minimizar impactos negativos que o tema possa ter na sua campanha. A denúncia contra o presidenciável tem como base uma declaração de abril do ano passado, quando Bolsonaro disse que visitou um quilombo e que os moradores do local “não fazem nada” e “nem para procriar servem mais”.

— Isso vai mostrar que aquela história de racismo é na cabeça do pessoal da esquerda, que está fazendo trabalho contra mim — disse Bolsonaro ao GLOBO, sobre o evento no Pará.

O evento de apoio a Bolsonaro está sendo organizado por Paulo Quilombola, que já gravou um vídeo em defesa do candidato. Ele lidera uma entidade denominada Federação das Comunidades Quilombolas do estado do Pará. Seu grupo apoiava Alvaro Dias (Podemos), mas decidiu migrar para Bolsonaro.

Paulo Quilombola é questionado por entidades que não o consideram um representante legítimo do movimento. Em abril, a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas divulgou uma nota assinada por dez entidades do Pará com críticas a Paulo.

“Isto posto, as entidades do movimento negro e quilombola do estado do Pará, abaixo nominadas, manifestam o seu repúdio às práticas aviltantes desse senhor exteriorizadas pelos seus discursos de ódio contra muitas de nossas lideranças quilombolas, entre outras, tendo como pessoal e único interesse (o que nos parece o mais grave) desmantelar todo o processo político até aqui construído por instituições sérias do nosso movimento”, afirma a nota.

Em vídeo no qual declara apoio a Bolsonaro, Paulo Quilombola afirma que o presidenciável pode fazer mudanças no movimento negro. O GLOBO não conseguiu contato com ele.

Segundo o deputado Éder Mauro (PSL-PA), a interlocução para o evento é feita por grupos de direita do sul do Pará que apoiam o presidenciável. Ele afirmou que os representantes do movimento entregarão a Bolsonaro uma pauta de reivindicações. Éder Mauro não soube informar quantos quilombolas deverão participar do ato.

— Os quilombolas querem uma nova Lei Áurea — disse.

Em 2017, Bolsonaro fez uma palestra no Clube Hebraica, no Rio, e, segundo o MPF, ofendeu e depreciou a população negra e indivíduos pertencentes às comunidades quilombolas. No Hebraica, o deputado disse, por exemplo, que visitou uma comunidade quilombola e “o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas”.

Fonte: O Globo
Créditos: EDUARDO BRESCIANI