Comercial do BB barrado

Bolsonaro defende veto a propaganda: 'não queremos que dinheiro público seja usado dessa maneira'

Peça publicitária voltada para jovens trazia imagens de homens de cabelo rosa, mulheres negras e expressões como 'fazem carão'. Diretor deixará o cargo após veiculação da propaganda

O presidente Jair Bolsonaro afirmou na manhã deste sábado (27) que o governo não quer que dinheiro público seja utilizado para fazer propagandas como a peça publicitária do Banco do Brasil, voltada para os jovens, retirada do ar após decisão do governo.

Na propaganda, de 30 segundos, eram exibidas imagens de pessoas que, segundo a locutora, “fazem carão”, “biquinho de ‘vem cá me beijar'”, “quebrada de pescoço para o lado”, “papada negativa”, “cara de rica irritada” e “movimento natural esquisito”. Enquanto a narradora falava, eram exibidas imagens de pessoas agindo conforme a narração.

Apareciam no vídeo uma mulher careca negra, um homem em um salão de beleza, uma mulher negra com cabelo loiro, outra mulher com cabelo rastafári, um homem com cabelo rosa, uma mulher com cabelo curto e um homem em ambiente de festa.

De acordo com Bolsonaro, a peça publicitária não é a “linha” de pensamento dele já que, segundo o presidente, a “massa quer respeito a família”.

“Quem indica e nomeia presidente do BB, não sou eu? Não preciso falar mais nada então. A linha mudou, a massa quer respeito a família, ninguém quer perseguir minoria nenhuma. E nós não queremos que dinheiro público seja usado dessa maneira. Não é a minha linha. vocês sabem que não é minha linha”, disse o presidente.

A interferência do governo sobre o teor de peças de propaganda de empresas estatais não é permitida, pois fere a Lei das Estatais.

Na noite desta sexta (26), a Secretaria de Governo divulgou uma nota informando que não haverá interferência sobre as propagandas das estatais. A nota foi divulgada após o secretário de Publicidade e Promoção, Glen Lopes Valente, ter enviado um e-mail a empresas – como Petrobras e Correios – determinando que as peças de propaganda fossem submetidas à Secretaria de Comunicação Social, subordinada à Secretaria de Governo.

Questionado sobre como pretendia controlar o conteúdo das propagandas a partir de agora, Bolsonaro respondeu: “Olha, por exemplo, meus ministros, eu tinha uma linha, armamento. Eu não sou armamentista? Então ministro meu ou é armamentista ou fica em silencio. É a regra do jogo”.

Maia

Bolsonaro também foi questionado sobre declarações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao site “Buzzfeed News”. Na entrevista, Maia afirmou que um dos filhos do presidente, o vereador do Rio, Carlos Bolsonaro, é um radical e que outro filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, vive um momento de deslumbramento.

Perguntado sobre as declarações de Bolsonaro nas redes sociais, Rodrigo Maia também disse na entrevista que “todo mundo tem convicção de que o Bolsonaro é que comanda isso. E eu não acredito, e ninguém acredita mais, que é o Carlos [Bolsonaro] que comanda esse jogo”.

Questionado sobre o teor das declarações de Maia, o presidente disse que achava que se tratava de uma notícia falsa, uma “fakenews”, e elogiou o presidente da Câmara.

“Eu tenho certeza que isso é um ‘fake’. Eu gosto do Rodrigo Maia, tenho respeito por ele e ele tem por mim, mandei mensagem via Onyx [Lorenzoni, ministro da Casa Civil] pra ele ontem a noite dizendo que o que nós dois juntos podemos fazer não tem preço. E 208 milhões de pessoas precisam de mim e dele e grande parte de vocês [da imprensa]. Rodrigo Maia é pessoa importantíssima para o futuro de 208 milhões de pessoas. Espero brevemente poder conversar com ele”, afirmou Bolsonaro.

Previdência

O presidente também falou sobre a proposta de reforma da Previdência, em tramitação na Câmara dos Deputados.
Segundo Bolsonaro, a reforma “não pode ser desidratada”, já que o governo espera uma economia de R$ 1,2 trilhão com a reforma em 10 anos. No entanto, há a possibilidade de alterações no Congresso, que podem diminuir o impacto da medida.

Nesta sexta, o presidente declarou que a economia mínima necessária para o Brasil com a reforma é de R$ 800 bilhões. Por essa declaração, ele foi criticado pelo presidente da comissão especial que analisa o tema na Câmara, deputado Marcelo Ramos (PR-AM).

“Não foi isso [que se a reforma poupar R$ 800 bilhões está bom] que falei. Ela não pode ser desidratada, tem um limite. Abaixo disso apenas, como disse [o ministro da Economia] Paulo Guedes, vai retardar a queda do avião. O Brasil não pode quebrar. Nós temos que alçar um voo seguro para que todos possam se beneficiar da nossa economia”, afirmou Bolsonaro.

Bolsonaro deu as declarações após visitar a casa da família da menina Yasmin Alves, na Estrutural, região de baixa renda no Distrito Federal. O presidente foi à residência acompanhado da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Yasmin apareceu em um vídeo divulgado pelo presidente nas redes sociais. Segundo Bolsonaro, ele perguntou aos alunos de uma escola quem torcia para o Palmeiras, seu time, e a menina disse que era flamenguista. Alguns veículos de imprensa chegaram a registrar que Yasmin teria se negado a cumprimentar Bolsonaro. A informação, segundo o presidente, fez com que a menina fosse hostilizada. Por isso ele decidiu visitá-la.

 

Fonte: G1
Créditos: G1