Ações controladas

ÁUDIOS, FOTOS E GRAVAÇÕES: ao STF, PF afirma que Wilson Santiago é 'líder de organização criminosa' que desviou recursos públicos

Na representação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a prisão do deputado federal Wilson Santiago (PTB), tornada pública hoje, a Polícia Federal afirma que o parlamentar paraibano foi o responsável pela gênese do esquema criminoso responsável por desviar cerca de R$ 1,2 milhão em propinas de recursos destinados à construção da Adutora Capivara, do município de São José do Rio do Peixe ao município de Uiraúna.

Na representação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a prisão do deputado federal Wilson Santiago (PTB), tornada pública hoje, a Polícia Federal afirma que o parlamentar paraibano foi o responsável pela ‘gênese’ do esquema criminoso responsável por desviar cerca de R$ 1,2 milhão de recursos destinados à construção da Adutora Capivara entre os municípios de São José do Rio do Peixe e Uiraúna.

O Supremo Tribunal Federal (STF) negou o pedido de prisão, mas determinou o afastamento do parlamentar das funções públicas e a prisão do prefeito de Uiraúna, João Bosco, ligado ao deputado. Para chegar à conclusão de que Santiago era o líder da organização criminosa investigada, a Polícia Federal realizou ações controladas que mostram a entrega de propinas que seriam destinadas ao prefeito afastado e ao deputado.

Segundo a Polícia Federal, as propinas de Wilson Santiago eram entregues a Evani Ramalho e Israel Nunes de Lima, ambos assessores do deputado, também denunciados no esquema. Somente entre 27 de Setembro e 14 de Novembro, foram repassados R$ 310.250 em recursos ilícitos ao parlamentar. Ele ficaria com 10% dos recursos destinados à obra em questão, enquanto o prefeito Bosco ficaria com 5% dos recursos.

São inequivocamente robustos, portanto, os indícios de que Wilson Santiago ocupa o ápice da organização criminosa ora investigada, servindo-se dos demais integrantes do grupo para receber as parcelas de vantagens indevidas que lhe são destinadas”, diz trecho da representação da Polícia Federal.

No texto, a PF aponta a preocupação do parlamentar em não demonstrar ‘rastro’ do crime. No rol de provas, há um áudio no qual o parlamentar articula pessoalmente o repasse de propinas. “Apesar da evidente resistência de Wilson Santiago em encontrar-se pessoalmente com George Ramalho, o Relatório de Análise de Áudio 002/2019  revela conversa com a presença do parlamentar (arquivo de áudio “2. WS vs EVANI vs GR”), na qual George, Wilson e Evani falam sobre a necessidade de que o esquema criminoso não deixe rastro, com o que Wilson Santiago explicitamente demonstra concordar”, diz outro trecho da representação.

Ao todo, foram 29 repasses de propina, embora nem todos tenham sido gravados pela Polícia Federal. O delator do esquema, o empresário Gorge Ramalho Barbosa, só revelou os crimes no segundo semestre deste ano. Em um dos trechos captados pela polícia, a assessora Evani brinca com o delator e chega a dizer que Wilson Filho e João Bosco ‘só querem ganhar’.

Veja:

George: Sessenta. Quarenta, vinte, sessenta. Duzentos e cinquenta reais você não
vai fazer questão não, vai?
Evani: Faço, não é meu. Vai, me dá logo. Vou ver se WILSON me dá esses 150
para eu botar de gasolina para ir para Pipa… (risos)
George: não acredito que…tão amarrado assim não?
Evani: ham?
George: modelo, não acredito que ele é tão amarrado assim não.
Evani: ham? WILSON! Vou dizer peça para o rapazinho lá, devolver isso aqui,
pelo menos eu, eu disse a Bosco: Bosco vocês dois tem que, pelo menos, eu
fico só fazendo para vocês, vocês só querem ganhar.
George: duzentos cinquenta mireis, você vai fazer questão de duzentos e cinquenta
reais?
Evani: vai menino, eu vou pedir Ana para mim. Deixa de ser besta, vai, deixa de ser
chato, me dá.
George: risos.
Evani: vou botar combustível para eu ir pra PIPA daqui a pouco, depois do almoço.
Ei, deixa eu ligar aqui, deixa eu botar aqui no carro.

No dia 23 de Outubro, o prefeito João Bosco recebeu R$ 25 mil reais que seriam destinados a Wilson Santiago. Na cena gravada, Bosco retira o dinheiro da sacola e prefere colocá-lo na cueca, alegando que sua camisa é curta: “na cueca, camisa é curta”. Segundo a PF, diferentemente de Wilson, João Bosco reiteradamente ia pessoalmente receber as propinas.

Outro lado

A defesa do deputado Wilson Santiago criticou a delação de George Ramalho e informou que vai tomar as medidas cabíveis ‘para que a verdade venha à tona com o esclarecimento das questões objeto da investigação”. Leia abaixo.

Na manhã de hoje fomos surpreendidos por Operação da Polícia Federal. A operação em questão foi baseada na delação do empresário George Ramalho, o qual foi preso em abril de 2019 na Operação Feudo. Segundo as informações preliminares, o delator iniciou no segundo semestre de 2019 a construção de um roteiro, que servisse como base para acordo que lhe favorecesse na operação que foi alvo de prisão. O delator busca a todo momento, construir relações que possam nos implicar de forma pessoal e criminalizar o trabalho parlamentar.

Fica evidente, que o delator usa um princípio jurídico que veio para ser um instrumento de promoção de justiça, como artifício para favorecimento pessoal e evitar condenação na Operação Feudo. Temos certeza que esse tipo ação criminosa será coibida. Não podemos aceitar que a ação política fique refém dessas práticas. Dessa forma, tomaremos as medidas cabíveis para que a verdade venha à tona, com o esclarecimento das questões objeto da investigação e nossos direitos sejam restabelecidos. Estamos a disposição da Justiça para colaborar em todo o processo.
Wilson Santiago
Deputado Federal

Também por meio de nota, João Bosco disse que vai colaborar com as investigações. Leia abaixo.

Aos amigos, correligionários e a população de Uiraúna em geral, venho através dessa nota dizer que apesar de termos sido surpreendidos quanto a Operação Pés de Barro da Polícia Federal, estamos prontos para contribuir e colaborar no que for possível com o trabalho da PF.

Estamos confiantes quanto ao restabelecimento da verdade e mais uma vez, reafirmo o compromisso que fiz com Uiraúna e venho mantendo durante toda a minha pública: cuidar bem dessa cidade e do seu povo. Neste momento, peço a todos tranquilidade para que aguardemos o desenrolar das investigações e que tudo possa ser devidamente apurado e esclarecido o mais breve possível.

Os que confiam no SENHOR serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.
Salmos 125:1,2

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba