A sociedade paraibana vê os deputados como personagens que trabalham pouco e não são produtivos - Por Josival Pereira

De uma maneira geral, deputados de todos os partidos se mostram abespinhados, em menor ou maior grau, com críticas de setores da imprensa sobre o excesso de férias e folgas na Assembleia. Alegam que trabalho de deputado não se dá apenas no plenário. E é verdade. São muitos os deputados que se matam no trabalho de atendimento pessoal aos eleitores

Análise: Deputados se abespinham, mas a percepção da sociedade é que eles produzem pouco

Por Josival Pereira – do Tambaú 247

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A Assembleia Legislativa da Paraíba suspendeu a folga que vinha gozando nos últimos dias, por causa de um esgoto estourado em sua sede, e realizou uma sessão urgente, nesta quinta-feira, no Plenário da Câmara Municipal da Capital.
O objetivo foi votar pedido do governo de remanejamento e suplementação orçamentária, que também contemplava a Assembleia e os demais poderes.
Nada fora do normal, a não ser a própria realização da sessão, que prova que, quando se quer, se realiza.
Entenda-se: são incontáveis os adiamentos de início de período legislativo ou as suspensões de sessões por causa de reformas no prédio da Assembleia ou problemas com energia, ar condicionado, som ou coisa parecida. Agora, em razão do interesse direto do governo, do Judiciário e da própria Assembleia, encontraram um lugar para realizar a sessão. Por que não fizeram isso sempre?
Essa repentina suspensão da folga na Assembleia enseja reflexão mais robusta.
De uma maneira geral, deputados de todos os partidos se mostram abespinhados, em menor ou maior grau, com críticas de setores da imprensa sobre o excesso de férias e folgas na Assembleia. Alegam que trabalho de deputado não se dá apenas no plenário.
E é verdade. São muitos os deputados que se matam no trabalho de atendimento pessoal aos eleitores. Um serviço de natureza social que tem sua relevância. Há também um cansativo movimento de visita às bases. Reconheça-se: é trabalho duro. Sem isso, talvez muitos não se elegessem.
O problema é que a percepção que a sociedade tem do Parlamento e dos parlamentares é que eles trabalham pouco e não são produtivos. Todas as pesquisas, em todos os níveis, atestam esta visão de inocuidade do trabalho legislativo.
O que esse quadro revela é um descompasso entre o que o eleitor individualmente cobra do deputado e o que o coletivo anseia do Poder Legislativo.
Os parlamentares (e os políticos de uma maneira geral) não estão se apercebendo que a população cresceu, o Estado deixou de ser aldeia, e que a sociedade mudou. O Parlamento só se fará produtivo se aprovar projetos ou desenvolver ações que tenham impacto na vida social. A ação precisa ser mais coletiva e menos direcionada.
O comportamento, as atitudes, o discurso, também contam muito.
A nova sociedade exige um novo parlamentar. Poucos aparecem de acordo. A maioria teima em velhas práticas. Assim, vão continuar mal avaliados.