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'FALSO PROFETA': Bispo estuprou fiel, obrigou a fazer aborto e comer material abortado

Algumas delas contaram que os estupros ocorriam durante atendimentos espirituais quando elas ficavam em estado de inconsciência por questões de fé.

A Polícia Civil prendeu o bispo Marco Aurélio de Freitas, de 42 anos, presidente  da Igreja Internacional Plena Paz, com sede em Belo Horizonte. Ele é suspeito de estuprar fiéis, obrigar uma delas a abortar e fazer com que a vítima comesse o material abortado. Nesta quarta-feira (29), a corporação divulgou detalhes do caso, que também conta com desvios de verbas destinadas ao templo. Outros quatro membros da igreja também foram detidos por estelionato.

Batizada de “Falso Profeta”, a investigação começou em janeiro deste ano. “A partir da denúncia de um pastor, devido a um golpe, nós também descobrimos os abusos sexuais. Já conversamos com quatro vítimas. Algumas delas contaram que os estupros ocorriam durante atendimentos espirituais – quando elas ficavam em estado de inconsciência por questões de fé. Quando voltavam a si, as vítimas percebiam que estavam com óleo nos seios e partes íntimas”, explicou o delegado Gabriel Fonseca, da Delegacia Estadual de Investigação de Fraudes.

Aborto

Há mais de um ano, uma das vítimas foi obrigada a fazer um aborto. De acordo com a Polícia Civil, a fiel manteve um relacionamento amoroso com o bispo e engravidou. Ao saber da gestação, o homem deu um remédio para que a mulher abortasse.

“Após o aborto, a vítima nos relatou que o bispo ordenou que ela comesse parte do que foi abortado e limpasse o local em que aconteceu a ação. Em seguida, a estuprou via anal, como uma forma de ‘correção’ dela. Que ela não deveria ter ficado grávida nesse período”, explicou o policial.

Até o fim da tarde, o bispo prestava depoimento. Dois pastores estiveram na delegacia, mas disseram à reportagem de O TEMPO que os representantes dos investigados vão se pronunciar em outro momento.

Perfil

De acordo com a Polícia Civil, o bispo tinha um comportamento agressivo. Inclusive, ele ficava irritado quando uma das igrejas não arrecadava o que era esperado.

“A gente consegue traçar um perfil de uma pessoa agressiva. Quando algo saía do controle, quando uma determinada pessoa não atendia o que ele pedia, o bispo passava para ameaças, existem situações de agressões a outros pastores também”, explicou o delegado Gabriel Fonseca.

Preso em Brasília

Ao saber que havia um mandado de prisão em aberto contra ele, o bispo Marco Aurélio foi para Rio Quente, perto de Caldas Novas, em Goiás, com a companheira.

“A operação foi desencadeada na sexta-feira. Tentamos uma negociação, mas eles não quiseram se entregar. No sábado, o casal foi para Brasília, onde acabou preso nesta semana”, contou o policial.

Além do bispo e da mulher, uma tesoureira e outros dois pastores da igreja foram presos em Belo Horizonte e Contagem, na região metropolitana. Os nomes e idades dos quatro presos não foram divulgados.

Minientrevista – delegado

Como foi o início das investigações? A ocorrência original é o caso de estelionato envolvendo  um pastor ligado à congregação religiosa. Ele contou que fez um investimento em  empreendimento com o bispo em Águas Lindas de Goiás e não teve nenhum retorno. Os outros quatro presos também estariam envolvidos no caso de estelionato.

Qual era o tipo de empreendimento? Eram 14 apartamentos que seriam construídos e o pastor prometia um retorno financeiro para as vítimas.

A fiel que manteve o relacionamento com ele contou por qual motivo não fez as denúncias antes? Ela tinha medo do bispo, outras pessoas também tinham. Era uma relação de submissão. Com ele preso, acreditamos que outras vítimas vão ter coragem de denunciá-lo.

Fonte: O Tempo
Créditos: O Tempo