assassinato brutal

CASO DANIEL: Acusado de matar jogador diz que mentiu para proteger filhos de políticos

onhecido de baladas de Allana Brittes, ele estava na casa da família com seu irmão gêmeo. Esse irmão, de acordo com o depoimento de Juninho, não participou das agressões

Em depoimento à polícia na última quarta-feira (7), Edison Brittes, conhecido como Juninho, afirmou que mentiu sobre a autoria do homicídio de Daniel Corrêa para proteger os rapazes envolvidos no espancamento do jogador e aqueles que testemunharam a cena de violência.

Um deles, que teria dado socos e pontapés e quebrado o celular de Daniel, é filho de um casal de políticos de São José dos Pinhais (PR). Conhecido de baladas de Allana Brittes, ele estava na casa da família com seu irmão gêmeo. Esse irmão, de acordo com o depoimento de Juninho, não participou das agressões.

 

 

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No depoimento do principal suspeito do caso Daniel, ao qual o UOL Esporte teve acesso, Juninho não citou o nome completo dos irmãos e afirmou que não saberia identificar qual dos dois contribuiu com o espancamento. A reportagem, porém, confirmou a identidade deles com pessoas próximas.

Além de Juninho, outros quatro rapazes com idades próximas dos 20 anos teriam agredido Daniel. Todos já foram identificados pela polícia.

Após o relato da surra, Juninho diz que reuniu os rapazes em um shopping da cidade para combinar uma versão que os protegeria de qualquer responsabilidade pelo crime.

O que consta no inquérito

A seguir, a reportagem reproduz trechos do inquérito entre aspas.

Juninho diz “que no domingo pediu para que Allana fizesse contato com [nomes omitidos pela reportagem], na intenção de protegê-los, ‘colocando-os debaixo do braço’, e por isso decidiu se reunir com eles e pediu para que Allana combinasse com eles um encontro no shopping São José, e esse encontro, deu-se na segunda-feira.”

Uma testemunha-chave do caso havia afirmado na semana passada que nesse encontro Juninho a ameaçou para que não falasse a verdade. À polícia Juninho negou que tenha falado em tom de ameaça.

Segundo o depoimento, “o interrogado conversou com eles e disse que assumiria o que aconteceu e que a ‘manobra que fez foi de proteção, para protegê-los’. […] Disse a eles que ‘chamaria na responsa e os livraria’, que ‘bateria no peito tudo, tirando os demais da pedrada’, livrando-os de qualquer imputação.”

A polícia já ouviu os dois irmãos envolvidos no caso, que deram depoimento na condição de testemunhas. A Justiça expediu mandado de prisão contra outros três suspeitos, que de acordo com o depoimento de Juninho também participaram das agressões e entraram com ele em seu Veloster preto antes de Daniel ser morto.

“Cena mais horrível da vida”

À polícia Juninho falou pela primeira vez sobre o que aconteceu na festa em sua casa, mas se calou quando os investigadores perguntaram sobre o trajeto feito de carro com Daniel “cambaleante” no porta-malas. Ele também se recusou a dizer como o jogador foi morto, preferindo esperar o resultado da perícia técnica para explicar.

Segundo Juninho, quando estava em casa com os amigos da filha, ele “decidiu olhar sua esposa Cristiana, que dormia no quarto do casal. E, no deslocamento para o quarto, ao chegar próximo a porta de seu quarto, ouviu Cristiana gritar por socorro duas vezes.”

Nesse ponto, o depoimento de Juninho entra em contradição com o relato de testemunhas que negam ter ouvido gritos de socorro de Cristiana, o que levou os policiais a descartarem a hipótese de estupro. O marido, porém, afirmou acreditar “que só ele poderia ouvir o pedido de socorro, já que era quem mais estava próximo da porta e os demais [estavam] na área externa com o som ligado.”

Juninho diz que encontrou a porta de seu quarto fechada e então “saiu da frente da porta do quarto e foi até a janela, a qual é apenas encostada, sem fechadura, e ao abrir a janela, o interrogado vê Daniel ‘montado’, de joelhos sobre sua esposa Cristiana, sendo que ele trajava cueca e camiseta.”

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O suspeito de matar o jogador disse que essa foi “a cena mais horrível que viu em sua vida”, segundo consta no depoimento.

Juninho Brittes diz então que “apanhou Daniel pelo pescoço, o derrubando para o lado esquerdo […] sendo que Daniel dizia ‘desculpa, não sei o que estou fazendo aqui, não sei o que está acontecendo’

Em seguida ele, “pediu para chamarem todo mundo ‘para ver o que aquele vagabundo tava fazendo’, dizendo aos demais que ‘ele estava tentando estuprar a Cris'”

Suspeito diz que usou técnicas de jiu-jitsu contra jogador

Juninho afirma que quando todos os homens estavam no quarto, já sem a presença de Cristiana, “começou as agressões físicas contra Daniel, afirmando que fez jiu-jitsu e o imobilizou, sendo que Daniel tentava sair, mas o interrogando com a sua fúria o segurou e agrediu, porém Daniel não conseguiu se desvencilhar”

Segundo o comerciante, “no momento da raiva, todos bateram em Daniel, os homens”. Eles em seguida levaram o jogador cambaleante para a parte de fora da casa onde “na calçada, houveram [sic] mais algumas agressões […] com chutes, socos e tapas.”

Juninho afirma que quis humilhar o jogador

De acordo com o relato de Juninho Brittes, a ideia do grupo era humilhar o jogador. Ele afirma que algum rapaz que ele não consegue identificar tirou a cueca de Daniel.

“Após a retirada da cueca de Daniel”, Juninho diz que “estava fora de si, e algumas pessoas foram para dentro de casa e todos em choque, então o interrogado teve a ideia de pegar o carro e largar Daniel na rua, pelado, e que pensou em filmá-lo pelado, andando na rua, e então pegou seu carro e parou o veículo de ré, pensando em dar um susto em Daniel […] fazendo ele passar vergonha e humilhação.”

O comerciante não quis contar o que aconteceu a partir do momento em que ele e três outros agressores entram no carro e levam Daniel embora.

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Segundo João Milton Salles, o promotor do caso, o trajeto entre a casa dos Brittes e o local onde o corpo foi encontrado dura no mínimo 20 minutos, tempo suficiente, segundo o promotor, para que eles pudessem pensar no que estavam fazendo.

A polícia vai comparar o depoimento de Juninho com os das testemunhas que já falaram e com os suspeitos que devem ser presos nesta quinta-feira. O delegado Amadeu Trevisan já disse que deve indiciar os Brittes (Juninho, Cristiana e Allana) por homicídio qualificado.

Fonte: Uol
Créditos: Uol