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'CANIBAIS DE GARANHUNS': Acusados de matar e comer carne de vítimas vão a novo júri

Trio já foi condenado em 2014 por uma morte; outros dois casos são julgados hoje

Depois de uma condenação em novembro de 2014, o trio conhecido como “Canibais de Garanhuns”, por assassinar, esquartejar, consumir e vender carne humana dentro de salgados, vai a júri nesta sexta-feira (23). Os réus, acusados pelas mortes de duas mulheres de 20 e 31 anos em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, são julgados no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha Joana Bezerra, no Centro do Recife.

O caso seria julgado em Garanhuns, mas o advogado de um dos réus entrou com uma solicitação para que o júri acontecesse em outra comarca. Os três respondiam a dois processos: um pela morte de Jéssica Camila da Silva Pereira, em maio de 2008, pelo qual foram condenados em 2014; e outro pelos dois homicídios em Garanhuns.

Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, Isabel Cristina Pires da Silveira e Bruna Cristina Oliveira da Silva são julgados por duplo homicídio triplamente qualificado – por motivo torpe, com emprego de cruel e impossível a defesa da vítima -, além dos crimes de ocultação e vilipêndio de cadáver e de furto qualificado.

Jorge Beltrão e Bruna Cristina respondem ainda por estelionato, sendo que Bruna será julgada também pelo crime de falsa identidade.

O juri era para começar às 9h (horário local), mas os réus chegaram ao tribunal apenas às 9h40. Além disso, até as 10h, o advogado de Jorge Beltrão não havia chegado.

Denúncia

Segundo a Denúncia do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), as duas vítimas foram chamadas à casa de Jorge Beltrão Negromonte Silveira, um dos réus, para ouvir a palavra de Deus ou para um trabalho de babá. Com a participação de Isabel Cristina Pires da Silveira e Bruna Cristina Oliveira da Silva, as mulheres foram mortas em 2012 e partes dos corpos foram armazenadas para consumo dos três acusados.

“Nesses dois casos, estão confirmadas a autoria e a participação dos três. Sem sombra de dúvida, cada um teve sua participação. Nessa seita criada pelo réu Jorge, havia uma determinação de que cada um iria cumprir um determinado papel na execução desses crimes”, afirma o promotor do MPPE, André Rabelo.

O representante do MPPE também contesta o argumento utilizado pela defesa no julgamento de 2014, de que os réus têm transtornos mentais.

“Foram feitos laudos psiquiátricos por peritos oficiais do Estado, então não há dúvida nenhuma de que nenhum deles é portador de nenhuma doença mental. Existe, naturalmente, um transtorno de personalidade, afinal de contas ninguém mata pessoas e come partes de um ser humano”, declara o promotor.

Antes da sessão, a defesa de Isabel Cristina Pires da Silveira, uma das pessoas a serem julgadas, preferiu não falar sobre os argumentos. “Não vamos adiantar nenhuma tese de defesa no momento, nós trabalharemos para fazer a melhor defesa técnica possível da nossa cliente pois acreditamos na inocência dela”, afirma o advogado Leandro Levi.

De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), a sessão tem início com a escolha dos sete jurados para o Conselho de Sentença e, em seguida, o delegado Wesley Fernandes, responsável pela investigação do caso em Garanhuns, é ouvido como testemunha.

O julgamento segue com o interrogatório dos réus, debate entre promotor e defesa e, por fim, o julgamento do Conselho de Sentença.
Condenação em 2014

No primeiro dos dois dias de julgamento, em 2014, o trio foi hostilizado ao chegar ao Fórum de Olinda e trocou acusações entre si durante os depoimentos. Eles contaram detalhes macabros da ação e uma das rés, Bruna Cristina, disse que “Jogos Mortais perdia” ao descrever o assassinato de uma das vítimas. A ré afirmou que chegou a comer a carne da mulher por causa do ritual.

Por crimes da mesma natureza cometidos em 2008, Jorge Beltrão Negromonte da Silveira pegou 21 anos e seis meses de reclusão e um ano e seis meses de detenção, totalizando 23 anos. Já as rés Isabel Cristina Torreão Pires e Bruna Cristina Oliveira da Silva pegaram 19 anos de reclusão e um ano de detenção, totalizando 20 anos cada.

Fonte: G1 PE
Créditos: G1 PE