covardia humana

TOURADA E TORTURA: O touro está prostrado, exausto e domado. O toureiro mata-o . SALVE A VAQUEJADA - Por Eilzo Matos - VÍDEO

Vibram os clarins nos acordes do “pasodoble.” Com ar de imbecil, os passos estudados, os gestos dissimulados, adianta-se o matador. De soslaio observa o touro imobilizado, vencido, Cumprimenta a massa de fanáticos. Cresce nas arquibancadas o consumo de conhaque. Começa o sacrifício perverso, impiedoso. Esgotado, o touro empaca com o olhar amortecido, as forças anuladas. Que substâncias teriam-lhe inoculado nas veias? O touro está prostrado, exausto na sua resistência, está domado. O toureiro mata-o .


TOURADA – PAIXÃO DE ERNST HEMINGWAY E DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO. TORTURA DO TOURO. SALVE A VAQUEJADA – memoria de viagem

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Numa tarde friorenta de domingo, em Madrid, por uma extravagância do comportamento, a contragosto, dirigi-me a uma praça para assistir na arena a morte dos touros e toureiros “a las cinco de la tarde”, como escreveu Garcia Lorca, vítima de Franco, fuzilado a desoras.
Na verdade os toureiros não morrem, mas os touros, sim. Morrem aos milhares pela Espanha, num espetáculo grotesco da covardia humana. Entre as fanfarras e gritos histéricos, o indefeso animal é acossado por uma turba delirante e sanguinária protegida em esconderijos dentro da arena. O que pulsa no coração daquela gente, eu não me canso em me perguntar.
Numa dessas tardes vividas gloriosamente por Hemingway, o espetáculo é mais ou menos este: surge na arena o touro bravio, indômito, e, numa coreografia estudada, traiçoeiros partícipes do espetáculo, seguramente protegidos, furam–lhe a carne, fazem jorrar–lhe o sangue; atingem profundamente regiões do corpo, partes sensíveis do animal hercúleo e leal no combate, diminuindo–lhe, anulando–lhe a força guardada nos músculos.

Vêm aos magotes, montados em cavalos resguardados por armaduras acolchoadas, invulneráveis. Lança em punho, atassalham o touro. Outros, escondidos em inexpugnáveis esconderijos, como um bando de salteadores, caem sobre o animal desamparado, vítima do sacrifício cruel. Enfiam–lhe agulhas no couro, enchem–no de fitas, bandeiras coloridas cravadas na carne. Esgotado, aniquilado pela desigualdade do combate o touro estaca exangue, já sem forças, Frustraram-se as investidas valentes. Desnorteado, derrotado pelas inumeráveis manobras suspicazes, exanime, o touro recebe com indiferença a entrada em cena do herói da tarde.
A multidão brada. Vibram os clarins nos acordes do “pasodoble.” Com ar de imbecil, os passos estudados, os gestos dissimulados, adianta-se o matador. De soslaio observa o touro imobilizado, vencido, Cumprimenta a massa de fanáticos. Cresce nas arquibancadas o consumo de conhaque. Começa o sacrifício perverso, impiedoso. Esgotado, o touro empaca com o olhar amortecido, as forças anuladas. Que substâncias teriam-lhe inoculado nas veias? O touro está prostrado, exausto na sua resistência, está domado. O toureiro mata-o .

Fonte: facebook
Créditos: Eilzo matos