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Servidora suspeita de fraudar auxílio e Bolsa Família é exonerada

A exoneração da servidora foi publicada no Diário Oficial do Município na semana passada.

Uma servidora comissionada da Prefeitura de Itarantim, no sudoeste da Bahia, foi exonerada sob suspeita de receber indevidamente benefícios sociais como o auxílio emergencial e o Bolsa Família. As supostas irregularidades teriam sido cometidas com o uso de dados pessoais de moradores da cidade, por meio do CadÚnico (Cadastro Único) do governo federal.

Em julho, o UOL revelou que Márcia Ferreira, que atuava como diretora do Departamento de Gestão do Programa Bolsa Família, vinculado à Secretaria Municipal de Assistência Social, fez um pedido de R$ 1.200 do auxílio emergencial. Além disso, ela, que tinha salário de R$ 2.000, constava como beneficiária do Bolsa Família no cadastro do governo.

A exoneração da servidora foi publicada no Diário Oficial do Município na semana passada.

Procurada, a ex-servidora não quis comentar as acusações e sugeriu que a reportagem questionasse o prefeito.

O caso está sendo apurado em uma sindicância administrativa instaurada no âmbito da pasta de Assistência Social. Aberta no mesmo dia da exoneração, a investigação interna deve ser concluída num prazo de 30 dias.

Denúncias de supostas vítimas

As supostas irregularidades foram denunciadas à prefeitura por pessoas que se dizem vítimas das supostas fraudes. Nos casos relatados, os valores requisitados em nome dos beneficiários nunca foram recebidos por eles.

“A movimentação de beneficiários e pessoas que preenchem os requisitos de elegibilidade para o recebimento do auxílio emergencial trouxe ao conhecimento da Secretaria de Assistência Social prováveis irregularidades no cadastramento do sistema do Cadastro Único, sob a responsabilidade da Gestora do Programa Bolsa Família”, diz trecho da portaria que instaura a sindicância para apurar a “possível subsequência de benefícios recebidos de forma indevida”.

A portaria afirma, no entanto, que a servidora não tinha acesso às “folhas-resumos expedidas pelo sistema do CadÚnico, informações de natureza declaratória. Somente tem acesso ao sistema quem possui cadastro prévio e senha frente ao Ministério da Cidadania”.

“Todas as providências foram tomadas”

Procurada pelo UOL, Márcia Ferreira não quis comentar as acusações. “Quem me exonerou? Não foi o prefeito? Ligue para ele e pegue as informações. O que ele falar você publica”, disse, por telefone.

O prefeito, Paulo Silva Vieira (DEM), confirmou a abertura de sindicância e afirmou apenas que “todas as providências já foram tomadas”.

Servidora já era alvo de investigação do MPF

O nome de Márcia Ferreira já figura numa investigação do MPF (Ministério Público Federal) em curso, que apura se agentes públicos e familiares de políticos de Itarantim receberam indevidamente parcelas do auxílio emergencial.

Entre os casos denunciados à época estava o do filho do prefeito Paulo Silva Vieira, estudante de medicina de uma faculdade com mensalidade de R$ 7.500, que requisitou R$ 600 da ajuda federal. Na ocasião, o prefeito confirmou que o filho pediu o auxílio, mas disse que foi um “ato isolado” dele.

O auxílio emergencial foi criado para socorrer trabalhadores informais, MEIs (microempreendedores individuais), beneficiários do Bolsa Família, autônomos e desempregados durante a pandemia do coronavírus. A lei que o criou proíbe o pagamento a políticos ou servidores, mesmo que temporários.

Fonte: UOL
Créditos: UOL