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Ossos achados pela polícia em comunidade não são de Matheusa

Fragmentos encontrados onde estudante foi morta eram de animal

Policiais da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), que investiga a execução da estudante de artes da Uerj Matheusa Passarelli, encontraram ontem pela manhã no Morro do Dezoito, em Água Santa, fragmentos de ossos em uma área usada por traficantes para queimar corpos. Os resíduos foram encaminhados ao Instituto de Pesquisa e Perícias em Genética Forense (IPPGF), que realizou exames para identificar se pertenciam à universitária. Nesta segunda, à noite, a investigação sobre o paradeiro do corpo voltou à estaca zero: exames apontaram que os ossos eram de um animal.

A estudante, registrada como Matheus, mas que se identificava como gênero não-binário (nem masculino, nem feminino), foi vista pela última vez no dia 29 de abril, saindo de uma festa na Rua Cruz e Souza, no bairro do Encantado. Ela estaria transtornada e teria caminhado até o Morro do Dezoito, distante dois quilômetros, falando frases desconexas e sem roupa.

CONDENADA POR TRAFICANTES

Após chegar ao local, Matheusa foi submetida a um “tribunal do tráfico”, e condenada à morte. Moradores da comunidade contaram à polícia que o corpo da estudante foi incinerado. Agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) deram apoio à operação de ontem da Delegacia de Descoberta de Paradeiros. Houve confronto com traficantes, e um policial civil foi baleado numa perna.

Na semana passada, parentes e amigos de Matheusa fizeram uma homenagem à estudante, na Uerj. Trabalhos da artista, que trabalhava com o tema “corpo estranho”, foram apresentados durante o ato. Gabriel Passarelli, irmão de Matheusa, disse que as investigações revelaram “diferentes faces da crueldade”.

 

Matheus Passarelli, de 21 anos, se identificava como não binário. Ou seja, uma pessoa cuja identidade de gênero não é nem homem nem mulher. A jovem sumiu na madrugada de 29 de abril, ao sair do aniversário de uma amiga na Rua Cruz e Souza, no Encantado, na Zona Norte, por volta das 2h30m. De acordo com Gabriel Passarelli, irmão da estudante, ela se despediu dos amigos dizendo que não se sentia bem.

O irmão também já disse que todo o processo de investigação do desaparecimento foi acompanhado por ele, pela mãe e por amigos. Segundo Gabriel, as informações mais recentes que ele e a família receberam “demostram diferentes faces da crueldade”.

 

Fonte: O Globo
Créditos: O Globo