perseguição negativa a usuários de cannabis

Maconha prejudica a prática esportiva? Há riscos da combinação à saúde? - Por Paola Machado

Uma vez, li uma reportagem sobre um ciclista do Reino Unido que pedalava quilômetros sob efeito da maconha. E uma das frases que ele utilizou foi: “Há uma percepção negativa sobre as pessoas que usam cannabis em comparação com aqueles que utilizam álcool, mas o álcool é mais prejudicial”. Será? Pensando em treinamento e em saúde —não estou aqui falando de medicina alternativa e uso de cannabis para tratamentos específicos —, não há como dizer que uma substância é “menos pior”.

Por mais que muitos atletas  amadores –e até alguns profissionais — acreditem que a maconha ajude a aumentar a resistência no exercício e a aliviar a dor durante e depois do esporte, estudos não comprovam esses benefícios e ainda mostram que a combinação da droga com a atividade física pode trazer diversos efeitos colaterais –assim como a combinação com o álcool.

Uma das razões para isso é que a maconha e o exercício têm ação bem contraditória: enquanto a droga mantém a pessoa em efeito sedativo, o treino a deixa ligada, com a adrenalina a mil. Ações antagônicas sempre causam uma confusão para nosso corpo —a exemplo da combinação vodca e energético, um inibindo e outro mantendo ativo. Além do mais, o aumento do apetite por qualquer alimento induzido pelo cannabis segue o contrassenso dos benefícios do treinamento.

Falando cientificamente, qual efeito da maconha no exercício?

Os estudos com cannabis são reduzidos, pois como a substância é ilícita, as pesquisas científicas têm muitas restrições e cuidados com o tema. O que se sabe é que, enquanto a pessoa fuma, e por cerca de uma hora depois, a maconha faz com que a frequência cardíaca aumente, ocasionando uma elevação da pressão arterial e, posteriormente, um risco elevado de ataque cardíaco. Esses efeitos são dependentes da dose. Ou seja, quanto mais maconha for utilizada, maiores serão os prejuízos no sistema cardiovascular. Por isso, fumar maconha é arriscado para pessoas com alto risco de doenças cardíacas. Quanto maior o risco subjacente devido à idade, pressão arterial, diabetes etc., maior o risco potencial da maconha.

Agora, imagine alguém usar maconha e ir realizar um treino intenso, que exige bastante do coração. Mesmo sendo um indivíduo saudável, as mudanças na pressão arterial e frequência cardíaca durante o exercício têm o potencial de causar tontura, quedas e até um infarto.

Além das interações cardiovasculares, existem outras considerações de saúde quando existe o uso indiscriminado de maconha combinado ao exercício. Os efeitos eufóricos e sedativos da maconha também podem ser prejudiciais e até perigoso em um treino. A droga pode reduzir a coordenação durante a atividade física e aumentar o risco de traumas, acidentes etc. Para os jovens, esses problemas provavelmente são mais preocupantes do que as doenças cardiovasculares.

Mais: evidências mostram que os compostos canabinoides encontrados na maconha afetam a percepção da dor e do desconforto. A redução de percepção de dor pode causar lesões severas, overreaching, overtraining e até mesmo efeitos adversos e irreversíveis para o organismo daquela pessoa.

 

 

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Polêmica Paraíba

Fonte: UOL
Créditos: PAOLA MACHADO