entenda

Entidades repudiam agressões de Dória a jornalista

O comportamento agressivo do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), com jornalistas foi condenado por entidades representativas do setor de imprensa.

O último episódio ocorreu na segunda-feira passada, quando o prefeito não respondeu aos questionamentos de um repórter da CBN e, em vez disso, tentou constrangê-lo.

‘- Vocé é jornalista há quantos anos? Você é jornalista há quantos anos? Responda!

– Eu não sou a pauta, prefeito, estou lhe perguntando sobre os jatos d’água na Praça da Sé…

– Há quantos anos você é jornalista?’

Nesta segunda-feira, Doria não respondeu à pergunta de um repórter da CBN e passou a desqualificar a jornalista que presenciou a ação na Sé, acusando-a de mentir. ‘Evidente que houve uma indução – deixa que eu quero falar, eu quero falar e vou terminar de falar! – quero ser claro para você. Claro porque eu respeito o jornalismo da CBN, mas não respeito o trabalho dessa moça. Primeiro pelo seu passado ideologicamente comprometido com o PT, sua vivência com o PT e a sua falta de equilíbrio para colocar uma matéria que não foi correta. Então, não cabe aqui fazer juízo sobre o prefeito regional, cabe fazer juízo ao trabalho jornalístico dessa repórter, que mentiu e colocou uma informação falsa no site da CBN e na rádio. Estou afirmando, não estou supondo, a repórter mentiu e agiu de má-fé.’

Em julho, Doria gravou um vídeo em que tentou desqualificar um repórter da Folha de São Paulo que mostrou que as doações recebidas pela prefeitura eram menores do que as divulgadas. Citado nominalmente pelo prefeito, ele teve o perfil do Facebook marcado por Doria e também foi alvo de ataques dos seguidores do tucano.

Em julho, Doria gravou um vídeo em que tentou desqualificar um repórter da Folha de São Paulo que mostrou que as doações recebidas pela prefeitura eram menores do que as divulgadas. Citado nominalmente pelo prefeito, ele teve o perfil do Facebook marcado por Doria e também foi alvo de ataques dos seguidores do tucano.
O diretor-executivo da CBN, Ricardo Gandour, afirma que repudia este comportamento de autoridades e esclarece que a reportagem foi checar as câmeras da praça da Sé e revelou que há pontos cegos, que as declaradas imagens não existem e que ao invés de esclarecer o assunto, a prefeitura misturou com a reportagem anterior, para poder mais uma vez atacar e imprensa e gerar repercussão nas redes sociais.

A Abraji, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, afirmou em nota que ao ‘desqualificar o jornalismo, em vez de responder aos questionamentos, Doria nega à sociedade o direito democrático de vigiar os atos dos administradores’. A entidade repudia ‘tentativas de intimidação virtual que podem se transformar em agressões verbais e físicas.’

A diretora da Abraji, Maiá Menezes, diz que isso expõe o jornalista a um ‘bullying virtual’. ‘Isso na Abraji nos preocupa porque coloca o profissional diante de um universo que ele não conhece, exposto a um assédio que a gente ainda não tem a dimensão, e é um assedio bem grave porque atinge o universo individual do profissional. Por outro lado, tenta descredenciar em alguma medida a imagem do próprio veículo.’

O diretor-executivo da Associação Nacional de Jornais, Ricardo Pedreira, afirmou que é lamentável que uma autoridade se volte de maneira sistemática contra jornalistas, estimulando o comportamento de outros em relação aos próprios jornalistas. Ele diz ainda que o homem público deve saber lidar com as críticas e corrigir eventuais erros.

Fonte: CBN