Emoção e nostalgia

RESGATE POÉTICO: nos 436 anos de João Pessoa, Flávio Tavares faz homenagem com tela “A Festa das Neves" e emociona paraibanos; confira

Em mais um ano pandêmico, onde a cidade de João Pessoa completa 436 anos, o artista plástico Flávio Tavares homenageou e presenteou a cidade com a obra intitulada “A festa das neves”, o quadro do artista traz um grande resgate poético e já emocionou bastante os internautas que tiveram suas vidas marcadas pela belíssima e nostálgica festa das neves.

Em entrevista ao Polêmica Paraíba, o artista contou que a ideia partiu de Pedro Santos, presidente da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc); para comemorar o aniversário da cidade, a ideia principal era que fosse feita uma cena sobre a cidade de João Pessoa, e Flávio disse que logo escolheu o tema “A Festa das Neves”: “Me tocou muito na juventude e a todos’, disse ele.

O artista nos contou que a obra durou dois dias para ficar pronta, e que todo o trabalho foi filmado. Como uma homenagem aos mais de quatro séculos da cidade de João Pessoa, a tela será apresentada em uma live especial ao som da banda paraibana Berra Boi nesta quinta-feira (05).

Às 18h30, abrindo o projeto ‘Fluxus’, a Funesc fará transmissão ao vivo da ação conjunta do artista Flávio Tavares e da banda Berra Boi, composta por Lucas Dan, Cassicobra e Chico Corrêa. O evento será uma ‘jam session’ de música e artes visuais. Sons e imagens da cidade, com produção simultânea e interação artística. A transmissão será pela TV Funesc (youtube.com/tvfunesc) e pela TV Assembleia. Ao Polêmica Paraíba, o artista contou que a banda tocará acompanhando o vídeo que foi filmado em seu ateliê quando ele fazia a pintura, a Berra Boi ainda irá tocar uma música inédita acompanhando o ritmo do pincel, das cores e da temática, como contou Flávio.

O artista falou da emoção de trazer o resgate poético e disse que a festa das neves conseguiu marcar diversas gerações. “Tudo o que eu vivenciei, das barracas, festividades nos pavilhões, além dos carrosséis, rodas gigantes e tudo o que a cidade agrupava na festa era muito bem vindo… Era um clima de juventude e paquera”, destacou.

Flávio também destacou a festividade como um evento perfumado, onde todas as pessoas se arrumavam para os dias tão esperados e usavam os seus melhores perfumes. O artista disse que pintou o quadro com o maior prazer e com dois fôlegos (em dois dias), e classificou como uma aventura bastante gratificante. A obra foi doada pelo artista para a cidade e ficará em exposição na FUNESC.

PROJETO FLUXUS 

O presidente da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc), Pedro Santos destacou que a pandemia do coronavírus e o consequente isolamento social reconfiguraram os hábitos da população. De alguma maneira, ainda de acordo com Pedro Santos, houve uma ressignificação no modo de produzir arte, onde os limites da estética são questionados a partir de novos fluxos de criatividade.

“É a partir dessa ideia que a Funesc homenageia os 436 anos da nossa capital, lançando o Projeto ‘Fluxus’, que vai reunir na mesma tela a presença física do trio instrumental Berra Boi e a projeção virtual do grande artista plástico Flávio Tavares. O resultado dessa experimentação serão três obras inéditas dedicadas à cidade de João Pessoa: uma performance, uma trilha sonora e uma pintura”, finalizou Pedro Santos.

FESTA DAS NEVES 

A maior celebração que une o sagrado e o profano em rituais e festejos para Nossa Senhora das Neves, padroeira da cidade de João Pessoa, tem registro no século XVI. A Festa das Neves, como ficou conhecida, atravessa os séculos mantendo a tradição e os costumes de levar pessoas às ruas para brincadeiras, parques de diversões, pavilhões e também às missas e orações em homenagem à santa.

No Brasil, dia 5 de agosto é o dia de Nossa Senhora das Neves. A santa é padroeira do Estado da Paraíba e de sua capital. Neste mesmo dia é aniversário da cidade de João Pessoa. Todos os anos, do dia 1 até 5 de agosto,  a Festa das Neves  reúne um grande público que participa dos eventos religiosos e culturais.

Não existem registros que precisem a data ou o ano em que começaram as festividades, porém sabe-se que desde muito cedo, tão logo a igreja foi construída iniciaram-se os cultos. Todo ano repetiam-se as homenagens, contudo houve um período quando os holandeses estavam aqui instalados (1634 a 1654), que não se realizaram as festividades. Períodos mais tarde, a festa iria retomar o seu vigor e novamente voltaria a se realizar em todos os anos, como havia sido anteriormente. Ao retomar as homenagens à padroeira, a festa ganhou um sentido bem mais amplo, marcando na cidade um período de quebra da rotina, onde toda a cidade se alegrava e comovia-se com a realização de festa.

Com a chegada da iluminação elétrica em 1912, a festa ganha uma caracterização profana, embora não tenha deixado de cumprir com seu papel religioso. Instalam-se barracas voltadas para a comercialização de bebidas alcoólicas, principalmente a cerveja que por ser, desde este tempo, uma bebida custosa que simbolizava status das classes “nobres”. Outra característica profana da Festa das Neves era a presença de barracas especializadas em jogos de azar, bem como a lenta chegada dos parques de diversão com brinquedos como: roda-gigante, carrossel e balanços destinados aos jovens e crianças.

A Festa das Neves ainda se realiza no pátio da Igreja Nossa Senhora das Neves e ao longo da Rua General Osório. Contudo ela estende-se pelas proximidades do largo da igreja de São Francisco, Praça Dom Adauto e Rua Duque de Caxias (antiga Rua Direita). Essa maior extensão deu-se principalmente acréscimo de barracas, pavilhões e brinquedos de diversões.

O Sagrado é festejado ainda com a procissão e celebração da missa. A procissão parte da Avenida General Osório em frente à igreja, e segue pelas ruas Padre Meira, Treze de Maio, e Acadêmico Aloysio Sobreira chegando novamente à matriz, hoje Basílica Nossa Senhora das Neves, porém este percurso pode ser alterado a cada ano.

 

 

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba