Reflexão

O jornalismo em 2019: vamos ficar melhores em defender a mídia local

Há cerca de 3 anos atrás, eu estive em 1 workshop do National Press Club com jornalistas, estudantes, financiadores e membros de think tanks. No final do dia, alguém citou uma passagem de 1 artigo técnico que mostrava que o jornalismo local tem 1 impacto mensurável e positivo na governança e vida cívica. Do outro lado da sala, outro participante do workshop, mesmo sendo 1 líder no setor, ficou incomodado: “você está me dizendo agora que nós temos evidências disso?”.

Há cerca de 3 anos atrás, eu estive em 1 workshop do National Press Club com jornalistas, estudantes, financiadores e membros de think tanks. No final do dia, alguém citou uma passagem de 1 artigo técnico que mostrava que o jornalismo local tem 1 impacto mensurável e positivo na governança e vida cívica. Do outro lado da sala, outro participante do workshop, mesmo sendo 1 líder no setor, ficou incomodado: “você está me dizendo agora que nós temos evidências disso?”.

É informação que, como diria Adam Sandler, podia já ter sido falada no dia anterior.

Mesmo com toda a urgência em salvar o jornalismo local, ainda não me parece claro que já se tenha feito uma argumentação significativa para os principais stakeholders, muito menos para o público em geral, sobre por que ele deve ser preservado e como sabemos disso. Para ser justo, com o modelo de negócios impulsionado por anúncios, as redações não sentiam a necessidade de se defender –qualquer músculo que serviria para isso já estava atrofiado quando o novo século trouxe extrema mudança para a indústria de notícias.

A boa notícia é que temos provas. Pesquisas nos dizem que esse tipo de reportagem gera benefícios econômicos para a sociedade, que o jornalismo local leva a uma maior participação política e responsabiliza as autoridades. Também há evidências em outro nível: é difícil contar o número de repórteres locais que conseguem citar uma história que fizeram que teve 1 impacto concreto e mensurável em sua comunidade (na verdade, alguém devia contar isso).

E para cada 1 desses, há ainda mais contrafactuais: autoridades, líderes empresariais e outras pessoas do poder que poderiam ter cometido fraudes e abusos se ninguém estivesse olhando.

A previsão é 1 pouco difícil porque o progresso já está acontecendo. Grande parte da pesquisa que faço referência acima pode ser encontrada neste útil artigo do Democracy Fund. As redações agora têm sistemas internos de rastreamento de medição de impacto, e os dados que coletam são distribuídos de volta para financiadores, doadores e assinantes. Até Hollywood assumiu a causa.

Precisamos de mais, e isso exigirá coordenação entre pesquisadores, avaliadores de programas e jornalistas. Mas esse tipo de sucesso deixa de lado o que pode ser 1 problema maior: o desinteresse pela política local e assuntos cívicos.

As redações locais também podem encontrar nisso uma raison d’être. Talvez 2019 seja o ano em que os repórteres locais abrirão novos caminhos para defender o envolvimento com a política em nível estadual e municipal. Se isso soa como uma agenda da Common Cause, há uma razão para isso. Afinal de contas, 1 governo aberto e responsável, transparência, uma voz para todos –são aspirações compartilhadas, que unem jornalistas e comunidades.

Você tem dúvidas sobre toda essa coisa de democracia? Ainda bem que temos 1 exército de repórteres locais, ótimos em responder perguntas.

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*Jesse Holcomb é professor-assistente de jornalismo e comunicação no Calvin College.

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O texto foi traduzido por Hanna Yahya.

Fonte: PODER360
Créditos: Jesse Holcomb é professor-assistente de jornalismo e comunicação no Calvin College.