saúde mental

Luto mal vivido pode causar transtornos de ansiedade e até depressão, alerta psicóloga

Por mais difícil que possa ser, é necessário viver o luto para não viver de luto.

O luto é um estado psíquico extremamente doloroso, associado à morte e às perdas. No entanto, por mais difícil que possa ser, é necessário viver o luto para não viver de luto. A psicóloga do Hapvida, Danielle Azevedo, fala que é imprescindível passar por todas as fases para o seu enfrentamento. O contrário pode provocar o “luto patológico”, que pode provocar doenças como depressão, transtornos de ansiedade e outras enfermidades. Os últimos episódios envolvendo as tragédias de Brumadinho e o incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo trazem a tona o assunto.

“Aceitar o luto sempre vai ser o melhor caminho, porque quando as pessoas negam, elas encapsulam o seu sofrimento, fazem com que aquilo fique muito mais aparente. É como se a dor fosse muito mais ampla, mais intensa. É importante que as pessoas vivam, aceitem, sofram, chorem e revivam essas experiências porque vai chegar um momento que a saudade não vai doer mais, vai ser leve. Nesse momento, é quando a pessoa elabora a perda, seja qual for”, explica.

A psicóloga destacou ainda o luto patológico que é quando a pessoa se sente impedida de viver em paz, passando a viver em função da ausência de quem partiu. “Muita gente guarda as roupas, fantasia que a pessoa ainda continua por perto. Outras chegam até a colocar o prato na mesa como forma de simbolizar que a pessoa ainda está ali. Então, é como se essa pessoa não tivesse um descanso emocional. Com isso, se gera outros tipos de reações como as psicossomáticas, de comportamento, de bloqueio de relacionamento, sociabilidade. Sem contar nos transtornos de ansiedade, depressão e algumas outras coisas que podem ser ocasionadas por esse luto patológico”, esclarece.

Fases do luto – A especialista destaca que o luto se manifesta de formas diferentes dependendo do cenário que as pessoas estão vivendo e como elas enfrentam a situação. Ela destaca que a vivência do luto acontece em cinco fases. De acordo com a psicóloga, a primeira fase pode ser reconhecida com base em reações e frases como: “Eu estou bem”, “não preciso de ajuda”. Em um segundo momento da fase do luto aparece a negação e raiva como o “isso não é justo comigo”, “porque Deus fez isso comigo?”.

A terceira fase é a da barganha, quando as pessoas querem fazer uma negociação do tipo: “Eu faria qualquer coisa para ter ele (a) de volta”. “Nesse caso tem pessoas que recorrem a espiritualidade e religiões para tentar amenizar a saudade e também a dificuldade de lidar com a perda.

Mais a frente aparece a fase depressiva em que a pessoa se nega a sair de casa e que acredita que a dor que está sentindo não vai passar. “Essa é a fase em que a pessoa está se despedindo do luto, quando começa a entender que é um sofrimento, mas que precisa sair do fundo do poço e que para isso só depende dele”, explica.

A última etapa, para a psicóloga, é a mais importante e, segundo ela, a mais demorada. Ela disse que a fase da aceitação pode ser bastante prolongada para algumas pessoas. “Essa é uma fase da conformidade quando as pessoas começam a dizer que a morte trouxe a paz para quem partiu e para quem ficou”, observa.

Ajuda – Para a psicóloga, buscar ajuda também ajuda a enfrentar o processo do luto. “O mais importante é que a iniciativa parta da pessoa que está vivenciando o luto. Dependendo da situação, a ajuda psicológica é fundamental. Muita gente deixa de se alimentar, de trabalhar e isso interfere na vida psíquica e nesse ponto, a ajuda é essencial”, afirma.

Fonte: Múltipla Comunicação
Créditos: Assessoria de Imprensa