ignorando a morte

"Estamos com medo, quase entrando em pânico", diz prefeito de Junco do Seridó após população manter aglomeração nas ruas

“A população parece que não está consciente. Você  chega em um banco e tem mais de dez pessoas. Nenhuma cidade do país tem estrutura para comportar essa pandemia"

“Nós estamos com medo, quase entrando em pânico. Mas, o amanhã a Deus pertence”. O relato é do prefeito de Junco do Seridó, Kleber Fernandes. No último sábado (04), o município, de pouco mais de sete mil habitantes, registrou a morte de uma senhora de 86 anos vítima da Covid-19, que é a doença causada pelo novo coronavírus.

Em entrevista, o gestor externou preocupação com o fato de parte da população e comércios ignorar às recomendações de autoridades da saúde e decretos municipais que tratam sobre a quarentena.

“A população parece que não está consciente. Você  chega em um banco e tem mais de dez pessoas. Nenhuma cidade do país tem estrutura para comportar essa pandemia. Nós temos uma equipe de prontidão, sempre fazemos mobilizações, temos toque de recolher. Mas, o pessoal não está querendo cumprir a quarentena. Desde o caso número 01, estamos fazendo panfletagem, fechamos o comércio, o que outras cidades vêm fazendo. Fechamos a feira livre. As dificuldades são com unidades bancárias, caixas rápidos, alguns comércios, Isso tem causado aglomeração”, destacou.

A cidade vivencia estado de calamidade pública desde que o primeiro caso foi registrado na Paraíba. Hoje, segunda-feira (06), a gestão tem um dia de reuniões para analisar medidas mais severas, dentre elas, segundo o prefeito, multas para população e empresas que não seguirem as determinações municipais.

“Estamos discutindo. Não são medidas doces, mas infelizmente teremos que tomar”, confidencia.

A cidade, que tem tradição na confecção de bolo, vivencia outra preocupação: o trânsito de pessoas de outros estados.

“Aqui nós temos uma grande atividade nas casas de bolo. Já chegou gente de todo lugar do Brasil. Mato Grosso, Alagoas, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Tocantins, Pará, Amazonas. Tem gente de todo lugar”, relata o prefeito endossando a preocupação de que haja a circulação do vírus entre essas pessoas.

Acompanhamento da população que teve contato com a idosa

A idosa de 86 anos, morta em decorrência da Covid-19, segundo o prefeito Kleber Fernandes, estava em João Pessoa quando teria adquirido o vírus.

“A família tirou ela da Capital e trouxe para Junco. Levaram ela para um sítio para passar a quarentena. Nós colocamos uma equipe de monitoramento. Ela passou mal e foi para Santa Luzia, chegando lá foi entubada e encaminharam para Piancó. A família então pediu para transferir para João Pessoa e ela não resistiu”, disse.

Cerca de 40 pessoas, entre familiares, vizinhos e amigos da vítima são acompanhadas por equipes de saúde.

Estrutura municipal

A Unidade de Saúde do município precisou redobrar atenção para atender prováveis pacientes da Covid-19. Todos os dias, há um médico atendendo 24 horas por dia.

Para pacientes onde há necessidade de um atendimento mais amplo, a recomendação é transferir para Santa Luzia, que conta com um hospital regional.

“O paciente só vai para lá quando não temos o que fazer. Hoje possuímos uma equipe boa, profissionais bons, com todos os equipamentos necessários. Já vínhamos estruturando todo mundo com EPI’s. Compramos material necessário”, concluiu.

A cidade estuda ainda realizar ações sociais, como a distribuição de sopas e cestas básicas para população, além de atendimento psicológico.

São João cancelado

Na semana passada, a prefeitura anunciou, em conjunto com as prefeituras de Santa Luzia, São José do Sabugi, São Mamede e Várzea o cancelamento do Circuito do Forró das cidades que englobam o Vale do Sabugi.

A medida ocorre em decorrência da pandemia do novo coronavírus, levando em consideração as recomendações de não haver eventos com aglomeração de pessoas.

Fonte: Mais PB
Créditos: Mais PB