Efeitos na economia

20% DO PIB: 'Alguns municípios da Paraíba não sentiram os efeitos da crise', aponta autor de estudo sobre o Auxílio Emergencial; VEJA VÍDEO

A Paraíba segue a tendência da região Nordeste, a mais beneficiada pelos recursos transferidos pela União, segundo o levantamento.

 

O pagamento das cinco parcelas do Auxílio Emergencial representou quase 1/5 do PIB de pelo menos 20 municípios paraibanos em relação ao ano de 2019, segundo uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) que mede os impactos do benefício concedido pelo Governo Federal na economia do país. As cidades paraibanas que aparecem na pesquisa seguem a tendência da região Nordeste, a mais beneficiada pelos recursos transferidos pela União, segundo o levantamento.

O estudo sugere que em alguns municípios de regiões menos desenvolvidas, o benefício deu a sensação de que a crise econômica não trouxe tantas consequências negativas, corroborando com outras pesquisas que revelam como o Auxílio Emergencial reduziu a extrema pobreza no país. “Muitos desses municípios, você pode dizer, não souberam o que era a crise da pandemia, porque tiveram uma injeção de recursos muito grande”, resumiu o economista Ecio Costa, Ph.D. em Economia pela University of Georgia (EUA) e professor associado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Conforme o estudo, em pelo menos três municípios paraibanos o Auxílio Emergencial alcançou quase 20% do PIB local: Desterro (19,9%), São Vicente do Seridó (19,7%), Cruz do Espírito Santo (19,4%) e Cacimbas (19%). Em números absolutos, isso significa, por exemplo, quase R$ 27 milhões injetados na economia da terceira cidade dessa lista, durante os cinco meses de pagamento do benefício.

“Isso é uma injeção de recursos muito grande na economia, e o interessante, também, é que vários setores são beneficiados, pois o recurso é transferido diretamente para as pessoas, que utilizam da forma que querem. Então, a maioria da população, e os mais pobres principalmente, tiveram um gasto com alimentação muito elevado”, ressaltou Ecio, ao destacar como o benefício sustentou a sobrevivência das pessoas, apesar do isolamento.

Os municípios de Barra de São Miguel, Gado Bravo, Manaíra e Cuité de Mamanguape foram beneficiados em cerca de 17% do PIB local. Já as cidades onde o auxílio supera 16% do PIB são Aroeiras, Alagoinha, Puxinanã, Jacaraú, Fagundes, Boa Ventura, Marcação, Cubati, Santa Helena, Juarez Távora, Cacimba de Dentro e Cajazeirinhas.

(CONFIRA ABAIXO OS MUNICÍPIOS DA PARAÍBA MAIS BENEFICIADOS COM O AUXÍLIO EM RELAÇÃO AO PIB)

Fonte: estudo desenvolvido pelo economista Ecio Costa (UFPE)

Em relação à Paraíba, o estudo aponta que cerca de 1.519.253 milhão de pessoas foram beneficiadas, o que representa 37,81% da população local. Para Ecio Costa, os resultados do Auxílio Emergencial sugerem que o Governo Federal deveria pensar numa alternativa para o futuro, após o programa, no sentido de amparar de forma sustentável os mais vulneráveis, mas sem gerar endividamento.

“É um programa importante, que incluiu os invisíveis, mas a gente tem que ver como que isso se equaciona dentro do orçamento do governo, pois o endividamento do país vai fechar o ano de 2020 perto de 100% [do orçamento]. A gente tem que pensar direito como fazer esse programa de renda mínima para que a gente não fure o teto de gastos”, destacou Ecio.

Apesar de constatar a eficácia do benefício, o estudo sugere aprimoramentos no programa, inclusive na forma de acesso aos recursos, já que em muitas cidades não há agências da Caixa Econômica Federal nem lotéricas, que são os principais canais para a distribuição do benefício. “Há muitas cidades que não têm essas agências, e as pessoas precisam se deslocar, então isso precisa ser aprimorado”, ponderou Ecio. Para ler a pesquisa na íntegra, clique aqui.

Auxílio Emergencial

O programa foi planejado pelo Governo Federal para proteger a população da vulnerabilidade social durante a pandemia do novo coronavírus. O benefício financeiro é destinado aos trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados. Inicialmente planejado para três meses de R$ 600, o programa foi estendido por mais dois meses em um acordo com o Congresso Nacional.

Ontem (20), o presidente Jair Bolsonaro informou que seu governo vai prorrogar até dezembro o pagamento do benefício durante evento de entrega de casas populares no Rio Grande do Norte. O presidente, porém, não definiu o valor a ser pago por mês aos beneficiários. Na prática, ele confirmou o que já foi anunciado por líderes do Executivo no Congresso e projetado pela equipe econômica.

“Vai ser até dezembro, só não sei o valor. Enquanto for possível, nós o manteremos, mas você começa a ter consciência [de] que ele não pode ser eterno”, declarou Bolsonaro.

 

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba