Família protesta contra mudança do nome do Parque Solon de Lucena

A administradora Esmeralda Lucena, em mensagem veiculada na rede social, externou seu protesto diante das informações de que o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, estaria cogitando mudar o nome do Parque Solon de Lucena, que circunda a Lagoa, um dos mais destacados pontos turísticos da Capital paraibana, que recém-completou 434 anos de fundação, no último dia 05. Questionada no Facebook sobre se não estaria se baseando em “fake News”, Esmeralda garantiu que não. E mencionou artigo do jornalista Wellington Farias e áudio de uma jornalista amiga da família que estava presente quando a placa estava para ser trocada. “Desistiram de última hora”, relatou. Acrescenta que, ainda na reforma da Lagoa, a prefeitura só se reportava ao Parque Solon de Lucena como “Parque da Lagoa” nas chamadas de mídia. E completou: “Se o prefeito não estava a par, o caso é pior do que se pensava”. Esmeralda lamenta o “descaso com a História” que é prática constante na Paraíba.

Ela reproduziu o seguinte artigo de Paulo Virgínio de Lucena sobre o assunto:

“Por muito tempo costumou-se dizer que o brasileiro tem uma característica que mostra sua falta de memória histórica: não sabe o nome do próprio bisavô. Esse é um defeito que a família Lucena não tem. O desprezo pela História é uma marca de sociedades em estágios intermediários de civilidade, aonde o político do momento insiste em tentar apagar belas e gloriosas histórias escritas no passado e reescrevê-las ao seu bel-prazer. Stálin utilizou com sofreguidão esse artifício na União Soviética. Obviamente, a sociedade só perde com isso, com o esvaziamento de grandes homens e seus feitos históricos que honraram a destemida Parahyba do Norte e moldaram o caráter do seu povo. Uma civilização só chega a altos patamares de cultura e desenvolvimento com extremo respeito aos pioneiros que pavimentaram o caminho hoje trilhado. Os EUA são um exemplo clássico disso.

A cada esquina em que o turista anda, nas grandes cidades americanas, logo depara-se com um registro histórico. Faço esse preâmbulo para chegar ao caso concreto do prefeito Cartaxo, que num gesto tacanho e de absoluta falta de visão da história da Paraíba, cogita mudar o nome do Parque Solon de Lucena. Relembremos ao ilustríssimo alcaide o motivo da homenagem feita a Solon: Solon de Lucena era bananeirense de nascimento, nascido em 1877. Solon de Lucena foi Presidente da Parahyba do Norte em 1916 e no quatriênio 1920-1924. Foi responsável, com o suporte fundamental do então Presidente da República e também paraibano Epitácio Pessoa, pelo maior conjunto de obras de infraestrutura que a Paraíba havia presenciado desde a independência do Brasil. Solon de Lucena construiu ferrovias, rodovias, silos, escolas, centenas de açudes e cisternas, numa época em que a principal tarefa dos governantes de plantão era enxugar o gelo das grandes crises de fomes e doenças ocasionadas pelas secas e pela falta do mínimo saneamento básico.
Epidemias de cólera chegaram a dizimar 10% da população de Bananeiras, na segunda metade do século XIX, por exemplo, por falta de condições mínimas de higiene nas habitações à época.

Solon de Lucena construiu parte da rede de esgoto e de água que até hoje atende João Pessoa, assim como fez em Bananeiras, sua terra natal. Políticos da época ficavam furiosos com ele, dizendo que obra debaixo da terra não dava voto. Hoje vemos o alcance do olhar do estadista, que olhou pro amanhã quando os anteriores só enxergavam o hoje. Solon de Lucena combateu o cangaço, que assolava o Nordeste na época. Solon de Lucena foi um homem absolutamente correto e probo, no qual se espelharam seus filhos e netos, incluindo seu herdeiro político de maior expressão, o neto Humberto Lucena, que chegou aos mais altos postos do Legislativo do Brasil com a mesma marca de honradez e correção no trato com a coisa pública. Solon de Lucena construía consensos aonde só havia dissensão e desarmonia. Por esses e por muitos outros motivos, Solon de Lucena foi justamente homenageado após sua morte dando nome a esse cartão postal da cidade de João Pessoa e que eterniza seu trabalho em prol da Paraíba. Será que o prefeito realmente se acha no direito de reescrever a gloriosa história da Paraíba, Estado que deu ao Brasil Vidal de Negreiros, Epitácio Pessoa, Augusto dos Anjos, Assis Chateaubriand, Ariano Suassuna, Sivuca, Jackson do Pandeiro, Zé Ramalho, Elba Ramalho, Marechal José Pessoa, João Pessoa, Solon de Lucena, Humberto Lucena, Ronaldo Cunha Lima, Tarcísio Burity, Abelardo Jurema, Severino Lucena e tantos outros que abrilhantam a história desse pequeno e valente Estado? Prefeito Cartaxo, um governante que renega o passado…não tem futuro”.

Fonte: Os Guedes
Créditos: Os Guedes