jogo sucessório

Daniella entra no radar sucessório por causa do projeto de poder do PP

Pairando acima de discussões ideológicas ou digressões filosóficas entra no radar do jogo sucessório de médio prazo o nome da senadora Daniella Ribeiro, do PP

É cedo para falar na eleição de 2022 quando o calendário ainda aguarda o pleito de 2020 para prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. É cedo em tese, porque, na prática, se pensa, e muito, na perspectiva de 2022 quando haverá disputa à Presidência da República, a governos estaduais, ao Senado, Câmara Federal e Assembleias Legislativas. Do presidente Jair Bolsonaro dizem os analistas da mídia sulista (eixo Rio-São Paulo) que tudo que faz, mesmo de errado, em plena pandemia do coronavírus, mira a própria sucessão, a que pretende concorrer, desafiando os que ainda apostam num impeachment que não parece interessar nem ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, rival do capitão na esfera de poder.

Para a eleição ao governo da Paraíba já se movimentam, com habilidade demais e barulho de menos, atores como o atual governador João Azevêdo (Cidadania) e seus adversários, cujo perfil, aliás, vai se desenhando gradativamente na medida das possibilidades que uma conjuntura engessada como a de agora sinaliza. Os interlocutores do governador não fazem segredo da estratégia que ele coloca em prática com grande antecedência, focada no fortalecimento do Cidadania, a que se engajou após o rompimento com Ricardo Coutinho, e na manutenção (se possível, com ampliação) da base de apoio ao seu governo, que é considerada razoável. O fortalecimento do Cidadania terá que ser conseguido e demonstrado mediante desempenho de candidatos a prefeito em localidades do território paraibano. O cacife do governador será medido pelo tamanho da base que ostentar – digamos, em 2022.

Pairando acima de discussões ideológicas ou digressões filosóficas entra no radar do jogo sucessório de médio prazo o nome da senadora Daniella Ribeiro, do PP. Figuras proeminentes do partido, presidido pelo seu pai, o vice-prefeito de Campina Grande, Enivaldo Ribeiro, começam a esculpir o perfil de Daniella como alternativa no cenário daqui a dois anos ao Palácio da Redenção. A ex-deputada estadual, que não logrou se eleger prefeita de Campina quando concorreu em 2012, já surpreendeu os meios políticos ao conquistar uma vaga senatorial em 2018. Foi a primeira senadora eleita na história da Paraíba. E a eleição de Daniella ao Senado foi descolada da tentativa do tucano Cássio Cunha Lima de se reeleger, embora ambos, formalmente, tenham feito dobradinha. O outro representante de Campina premiado na corrida senatorial foi Veneziano Vital do Rêgo, cuja mulher, Ana Cláudia, disputa este ano a prefeitura que ele ocupou por duas vezes.

Registre-se que da parte da senadora Daniella não houve, em momento algum, qualquer insinuação de que pretenda concorrer ao governo do Estado. A sua própria atuação parlamentar tem ficado embaçada, como, em regra, a de parlamentares da Paraíba e de outras regiões, por causa da prioridade no enfrentamento ao coronavírus, que tem exigido dedicação integral dos representantes do povo. Mas a postura cautelosa da senadora não a impede de ser cogitada nas projeções para o futuro. Bastou o PP anunciar a candidatura do ex-senador Cícero Lucena a prefeito de João Pessoa nas eleições deste ano para os analistas políticos fixarem uma sincronia com 2022, com o projeto de poder passando, nesse caso, pela candidatura dela. Evidente que é palpite ou prognóstico a ser conferido lá na frente, mas que já está sendo vocalizado, isso está.

É inesgotável o filão de opções para a eleição de governador em 2022 na Paraíba. O próprio ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), dependendo de como estiver seu “cartaz” junto à Justiça, poderá ser elencado como postulante, não cabendo, nessa cogitação, juízo de valor sobre seu cacife ou densidade eleitoral para enfrentar a parada. Será preciso avaliar que força terá o esquema do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, que conclui este ano o segundo mandato e que já demonstrou que é lento em tomadas de decisões. E como estará na fita o ex-senador Cássio Cunha Lima, que faz de conta que está fora do “front” político mas não foge a convite para participar de live do PSDB. Sim, rumina-se bastante a hipótese de que Romero Rodrigues, prefeito de Campina em fim de mandato e piloto do PSD, venha a ocupar espaços no lugar de Cássio, no papel de aliado de prestígio do presidente Jair Bolsonaro, que o tem como referência política na Paraíba.

Outras forças políticas – que talvez nem estejam sendo especuladas, aprioristicamente, poderão bagunçar o cenário político paraibano e prosperar como “tsunamis” nas urnas, tal como a senadora Daniella Ribeiro, para alguns, teria sido produto de “tsunami” eleitoral em 2018, daí ter alçado à cadeira que ora ocupa. Mas é justamente aí, no itinerário de avaliações, que os defensores da candidatura de Daniella ao governo perguntam: “e por que não Daniella como “tsunami” em 2022 ao governo?”. É o que se vai ver. Ou não!

Fonte: Os Guedes
Créditos: Os Guedes