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O MUNDO DAS APARÊNCIAS - Por Rui Leitão

O universo virtual produz a imagem que desejamos fazer com que os outros a enxerguem.

Através da internet, pelas redes sociais, construimos o mundo das aparências. Criamos personagens e realidades conforme nossos interesses. Tornamo-nos atores de uma peça teatral cujo roteiro insistimos em definir de acordo com as nossas conveniências. Estamos na era do fingimento. O universo virtual produz a imagem que desejamos fazer com que os outros a enxerguem.

O lamentável é que tentamos usar a máscara da perfeição e enganamos a nós mesmos. Procuramos esconder a essência de nossa alma. Forjamos exibições que desprezam o encanto interior e os valores morais para transformarmo-nos em indivíduos frívolos e superficiais. Julgamos que é mais importante o “parecer” do que o “ser”. É a situação em que a mediocridade triunfa.

Gostamos do “mundo do faz de conta”. É difícil valorizar sonhos quando se perde a autenticidade. Presos à mentira, nos distanciamos das oportunidades de criar nossos prórpios caminhos. Somos reféns do pensamento alheio, uma vez que a nossa primeira intenção é conquistar a aprovação da sociedade em que vivemos. Contrariamos, muitas vezes, a nossa própria consciência para não corrermos o risco de sofrer críticas.

Há um velho ditado popular que diz: “nem tudo que reluz é ouro”. Vivemos num mundo em que só enxergamos os outros pela aparência e não pelo que verdadeiramente são. Daí a necessidade de criarmos disfarces que possibilitem a recepção de elogios e aceitação social.

Belchior em uma de suas canções diz: “Quantas vezes nós fingimos alegria, sem o coração sorrir/Quantas noites nós deitamos lado a lado, tão somente pra dormir/Quantas frases foram ditas com palavras desgastadas pelo tempo, por não ter o que dizer/Quantas vezes nós dissemos eu te amo, pra tentar sobreviver”. É o império da hipocrisia, da dissimulação. Estamos envoltos nessa compreensão de que o mundo das aparências pode nos trazer felicidade. Ledo engano.

Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão