opinião

O conservadorismo hipócrita como arma eleitoral - Por Marcos Thomaz

Agora é oficial! Foi aberta a sangrenta batalha narrativa eleitoral 2022.

Agora é oficial!

Foi aberta a sangrenta batalha narrativa eleitoral 2022.

Primeiro Lula deu munição à artilharia bolsonarista.

Errou e errou feio. Nem venham os defensores de tudo, a ferro e fogo, minimizar (é temos maniqueísmo, proselitismo e todas estas pobrezas “ismo” do lado de cá também).

Me refiro a fala, em evento da CUT, incitando populares a descobrir onde fica e ir a casa de parlamentares conversar, inclusive, com familiares destes.

Podia ter outra intenção e o próprio Lula fala sobre uma manifestação pacífica, mas é no mínimo irresponsável um líder inflamar seguidores a abordar na esfera pessoal agentes públicos.

Quem pode prever para onde um movimento assim pode descambar?

Em um país de ânimos tão exaltados…

Mas, principalmente, deu combustível para a combustão bolsonarista.

E aí, o passador de pano vizinho, logo diz: “Mas você viu o que fizeram em resposta? Vários deputados dizendo que iriam recebê-lo a bala, pastor ameaçando dar tiro e todo tipo de impropério!?! Quem está errado, afinal?”

Percebem como é difícil o debate?

Os dois, meu caro. Ambos estão errados.

Mas do bolsonarismo a gente espera tudo nesta exata perspectiva. Virulência, truculência, bravata, afirmação pela violência, ameaça física, são elementos que alimentam este movimento animalesco que habita o Brasil hoje!

Desde quando a régua do bolsonarismo serve pra medir razoabilidade?

Mas aí veio o ponto de maior apelo popular, o que mexe com a tradicional família brasileira.

Bastou Lula falar sobre aborto que o bolsonarismo “abriu a caixa de ferramentas” e arrochou o parafuso para botar a máquina de ataque para funcionar, igual a Reforma Trabalhista (a causa inicial de tudo).

Agora é “pau no lombo” dia e noite, sem intervalo entre turnos, sem domingo de folga…

Deputados aliados, militância, robôs, enfim, toda a engrenagem em alta rotação para passar como um trator, espremer a fala do opositor.

Nada melhor que um “deslize” para alguns, precipitação para outros, do líder das pesquisas no tema mais caro à nação brasileira: o “moralismo”, mesmo que seja o falso (e é).

O conservadorismo sempre foi um fiel da balança eleitoral brasileira, mas no panorama atual adquire contornos ainda mais decisivos.

E temas tabus nesta sociedade brasileira de fachada serão explorados exaustivamente.

Mas devemos querer dos nossos representantes acatamento ao silêncio por zona de conforto eleitoral, ou coragem para encarar pautas impopulares?

Nem vou entrar no mérito da questão, pelo simples fato que nem tenho autoridade sobre isso.

Não engravido, ainda, para começo de conversa, mas me solidarizo as mulheres. Isso já responde.

Mas quão absurdo é ainda tratarmos este e outros temas envoltos em tanta falsa moral, simplismos, reducionismos e carga religiosa acima de tudo e todos.

“Que seja, mas Lula sabe disso para que se expor assim?”, reage indignado o aliado petista. O mesmo que ontem dizia que Lula precisava botar o bloco na rua, estava muito off etc e coisa e tal.

Bem, Lula realmente conhece o arsenal que enfrentará e, eventualmente, as armas que também usará (sim, amiguinhos o PT também sabe massificar discurso, atacar adversários de maneira leal e desleal).

Mas, o ex-presidente deve estar ciente que o poder bélico, destrutivo deste bando, digo grupo bolsonarista é inclemente.

Não há limites, qualquer senso ético, tratados, normas de conduta, menos ainda pudor na milícia digital bolsonarista.

A ordem é incendiar, provocar caos, desordem, desinformar ao máximo.

Precisam desse panorama de confusão, ignorância coletiva, manter a turba inflamada com diversionismos, “enquanto o mundo explode”.

Em uma sociedade imersa na parte mais artificial do legado judaico-cristão (sim, Bolsonaro tem razão nesta herança cultural nossa), cheia de aparências, honra controversa e todo tipo de meia-verdade, discursos comuns e rasos sobre supostos valores globais, como se vale de “mão cheia” o bolsonarismo, é tudo o que a “massa” quer ouvir.

E não estou tratando apenas dos cobiçados 30% de eleitores evangélicos nacionais.

Essa conta não vai apenas a eles, não mesmo.

Apesar do bolsonarismo ter, fundamentalmente, sua base sólida no meio evangélico, esse conservadorismo hipócrita está arraigado em solo nacional, antes, bem antes, da primeira pedra pentecostal ser erguida por aqui.

Fonte: Marcos Thomaz
Créditos: Polêmica Paraíba