opinião

A paixão por armas de fogo – Por Rui Leitão

A arma de fogo tornou-se marca emblemática do governo Bolsonaro. Aliás, essa intenção já era demonstrada antes do atual presidente assumir. Na campanha eleitoral o então candidato adotou como símbolo de propaganda o gesto com as mãos como se estivesse empunhando uma arma. Chegou, inclusive, a estimular crianças a fazerem o mesmo. Inacreditável, mas até nas igrejas assistimos religiosos aceitarem como algo normal essa atitude que contraria princípios cristãos.

A arma de fogo tornou-se marca emblemática do governo Bolsonaro. Aliás, essa intenção já era demonstrada antes do atual presidente assumir. Na campanha eleitoral o então candidato adotou como símbolo de propaganda o gesto com as mãos como se estivesse empunhando uma arma. Chegou, inclusive, a estimular crianças a fazerem o mesmo. Inacreditável, mas até nas igrejas assistimos religiosos aceitarem como algo normal essa atitude que contraria princípios cristãos.

Já não é mais a manifestação de um desejo, tornou-se um fetiche, afirmando-se na provocação de sensações de prazer, excitação e poder. A arma como objeto que expressa potência. Na concepção machista, homens se tornam mais poderosos e viris quando exibem uma arma na cintura. A agenda belicista recebe tratamento prioritário. Decretos e atos normativos infralegais são editados buscando atender objetivos armamentistas, na execução de um projeto que não só é audacioso, mas também carece de explicação plausível. Não há dificuldade em perceber que essa estratégia fomenta a violência, fertilizando tensões sociais, ao contrário do que tentam nos convencer, com o discurso da garantia da propriedade privada, da segurança patrimonial e familiar.

Na comprovação de que a arma passou a ser marca no governo, por ocasião da realização da Convenção Nacional Pro-Armas, no dia 24 de março próximo. passado, o então Secretário de Fomento à Cultura do governo federal, André Porciuncula, prometeu liberar um bilhão de reais para financiar a produção de audiovisuais que estimulem o uso de armas. Nesse governo a política armamentista é considerada atividade cultural. Enquanto isso, mudanças na Lei Rouanet têm imposto inúmeras dificuldades para que as verdadeiras manifestações culturais possam ter acesso a financiamentos. “Pela primeira vez vamos colocar recursos da Rouanet em eventos de armas de fogo. Vai ser bacana isso” , falou o então Secretário, como se estivesse dando uma grande notícia.

Essa insistência em levantar a bandeira das armas até nos eventos promovidos por autoridades do governo, precisa acabar. Chega a ser doentia essa vontade em transformar o Brasil numa “pátria armada”. Lembro-me de uma frase do papa Paulo VI que dizia: “As armas não fazem o destino de um homem, mas podem por em risco toda a humanidade”. É inquestionável que a apologia a armas estimula a violência.

A que ponto nós chegamos! Onde ja se ouviu falar que portar armas é ação cultural? Muito preocupante isso.

Fonte: Rui Leitão
Créditos: Polêmica Paraíba