com atos de violência e saques

Sobe para 11 o número de mortos nos protestos do Chile

Desde sexta-feira, uma onda de protestos violentos deixou 11 mortos e 1.462 detidos no país

Estação de metro em Santiago na manhã deste domingo (20) — Foto: Adriane Schultz/G1

Estação de metro em Santiago na manhã deste domingo (20) — Foto: Adriane Schultz/G1

A situação amanheceu mais tranquila nesta segunda-feira (21) no Chile, porém novos protestos estão convocados para acontecer à tarde. O metrô de Santiago voltou a funcionar parcialmente após o toque de recolher que vigorou em várias regiões Chile de 20h de domingo (20) até as 6h desta segunda.

Desde sexta-feira (18), uma onda de protestos violentos deixou 11 mortos e 1.462 detidos.

O metrô, que transporta diariamente quase 3 milhões de pessoas, estava fechado desde sexta-feira (18), depois que 78 estações e trens sofreram ataques durante violentas manifestações que começaram por causa do aumento nas tarifas dos metrô. A empresa estatal que administra o sistema metroviário avalia que o prejuízo deve chegar a mais de 300 milhões de dólares.

Manifestante com bandeira chilena caminha na direção de soldados chilenos durante protesto no domingo (20)  — Foto: Edgard Garrido / Reuters

Manifestante com bandeira chilena caminha na direção de soldados chilenos durante protesto no domingo (20) — Foto: Edgard Garrido / Reuters

Na manhã desta segunda, primeiro dia depois de três jornadas de distúrbios, foram reabertas uma parte das estações da linha 1 do metrô, uma das sete que integram a rede da capital. Para que as pessoas pudessem voltar ao trabalho, 465 ônibus extras foram colocados em circulação.

O general Javier Iturriaga, responsável pelo estado de emergência decretado no país, declarou que houve um “despertar lento, com calma” após o fim do toque de recolher, que vigorou na região metropolitana de Santiago, Valparaíso, Coquimbo, Biobío e Antofagasta.

“Estamos conscientes de que a cidade está retomando suas atividades lentamente e temos todas as forças necessárias para qualquer situação de risco”, afirmou.

Bombeiros combatem incêndio durante protestos em Valparaíso, no Chile, no domingo — Foto: Reuters/Rodrigo Garrido

Bombeiros combatem incêndio durante protestos em Valparaíso, no Chile, no domingo — Foto: Reuters/Rodrigo Garrido

‘Estamos em guerra’

O centro de Santiago está cheio de marcas dos protestos: semáforos no chão, ônibus queimados, lojas saqueadas e destroços nas ruas. Quarenta e oito cidades suspenderam as aulas nesta segunda.

O presidente chileno, Sebastián Piñera, disse em um pronunciamento no domingo que esta segunda-feira seria “um dia difícil”.

“Estamos em guerra contra um inimigo poderoso, implacável, que não respeita nada nem ninguém, que está disposto a usar a violência e a delinquência sem qualquer limite”, declarou.

Porém, nesta segunda-feira, o general Javier Iturriaga negou estar em estado de guerra.

“Eu sou um homem feliz e a verdade é que não estou em guerra com ninguém”.

Mortes e saques

Supermercado foi destruído por incêndio durante os protestos contra o modelo econômico do Chile, em Santiago  — Foto: Edgard Garrido/ Reuters

Supermercado foi destruído por incêndio durante os protestos contra o modelo econômico do Chile, em Santiago — Foto: Edgard Garrido/ Reuters

No domingo, o ministro do Interior chileno, Andrés Chadwick, tinha informado que sete pessoas tinham morrido durante dois incêndios: duas pessoas em um supermercado durante a madrugada e outras cinco em uma fábrica na periferia da capital.

“Hoje tivemos mais de 70 atos de grave violência, entre eles, mais de 40 saques”, disse Chadwick em um pronunciamento.

‘Chile acordou’

O balanço da revolta social é sem precedentes desde o retorno da democracia ao Chile, em 1990. Protestos liderados por estudantes contrários a um aumento de tarifa no transporte público começaram duas semanas atrás, porém se tornaram mais violentos na sexta-feira. Piñera reverteu a medida e declarou um estado de emergência.

Manifestantes vão as ruas com gritos de “basta de abusos” e com o lema que dominou as redes sociais “#ChileAcordou”. O governo enfrenta críticas a um modelo econômico do país onde o acesso à saúde e à educação é praticamente privado, com elevada desigualdade social, valores de pensões reduzidos e alta do preço dos serviços básicos.

Pessoas fogem após saquear farmácia em Concepción, no Chile, no domingo (20)  — Foto: Jose Luis Saavedra/ Reuters

Pessoas fogem após saquear farmácia em Concepción, no Chile, no domingo (20) — Foto: Jose Luis Saavedra/ Reuters

Entenda em seis pontos os distúrbios no Chile

  1. Governo anunciou um aumento de 30 pesos na tarifa do metrô, equivalente a 20 centavos de real;
  2. Violência aumentou nos protestos a partir de sexta (18), após confronto com a polícia;
  3. Chile decretou, no sábado, estado de emergência por 15 dias e Exército foi às ruas pela 1ª vez desde a ditadura;
  4. Presidente chileno suspendeu o aumento na tarifa do metrô, mas os protestos seguiram;
  5. Metrô de Santiago fechou e o aeroporto da capital chilena teve voos suspensos.

Problemas nos voos

Os protestos afetaram os voos com partida e chegada ao aeroporto internacional da capital chilena. A Latam anunciou o cancelamento de todos os seus voos com origem em Santiago entre as 19h deste domingo e as 10h de segunda, com exceção dos voos LA530, LA704 e LA2364, que se destinam a Nova York, Frankfurt e Lima, respectivamente.

Nesta segunda-feira, voos de Guarulhos, na Grande São Paulo, para Santiago sofreram atrasos e um foi cancelado.

Fonte: G1
Créditos: G1