esperançosos

Israelenses prometem achar cura para o câncer em 1 ano

Recentemente, a notícia de que um grupo de pesquisadores israelenses revelaria em breve um tratamento promissor contra a doença circulou nas redes sociais e trouxe esperança a muita gente, por prometer o que ainda parece distante.

Não é por acaso que a cura do câncer é algo muito buscado por cientistas ao redor do globo e aguardado pela população. A doença é a segunda principal causa de morte no mundo e foi responsável por 9,6 milhões de óbitos só em 2018, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Recentemente, a notícia de que um grupo de pesquisadores israelenses revelaria em breve um tratamento promissor contra a doença circulou nas redes sociais e trouxe esperança a muita gente, por prometer o que ainda parece distante: “Acreditamos que ofereceremos, em um ano, uma cura completa para o câncer”, disse Dan Aridor, em entrevista ao JerusalemPost, sobre o novo método sendo desenvolvido por sua empresa, a Acelerated Evolution Biotechnologies Ltd.

A tecnologia, batizada de MuTaTo (Multi-Target Toxin), usaria um grupo de três peptídeos projetados para se conectarem de modo específico a receptores de células cancerosas. Eles levariam toxinas fortes e passariam a atacar o tumor.

Segundo a empresa, a chave para o sucesso desta pesquisa é o foco desta abordagem de tratamento experimental em várias anormalidades nas células cancerosas ao mesmo tempo, limitando a capacidade da célula cancerosa de mudar seu padrão genético e tornar-se resistente aos tratamentos típicos.

Apesar de ser muito animadora, a promessa não é assim tão bem vista na comunidade médica. “Não temos detalhes, o que foi divulgado até agora é muito superficial”, aponta Vladmir Cordeiro Lima, médico titular da oncologia clínica do A.C.Camargo Cancer Center.

Por que desconfiar dessa promessa

Cordeiro e o oncologista André Murad, professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), listam quatro motivos para desconfiar da promessa dos israelenses.
  • Técnicas semelhantes que utilizam fagos ou peptídeos já foram testadas anteriormente, e vários experimentos não tiveram êxito. Se os pesquisadores ainda estão no início de seus testes clínicos, eles podem ter algumas experiências desanimadoras nas próximas etapas.
  • O relato divulgado pelos responsáveis é baseado em um experimento desenvolvido apenas em animais, portanto é considerado como “exploratório”. Aparentemente, não há um programa bem estabelecido de experimentos que possa definir melhor como isso funciona e sobre como seria a experimentação em humanos.
  • A pesquisa ainda não foi publicada em nenhum periódico científico reconhecido e os pesquisadores não revelam informações básicas, como o tipo de peptídeo usado e a taxa de sucesso do tratamento em animais.
  • O diferencial desta terapia seria usar, de forma individualizada, uma biblioteca de peptídeos para cada paciente, mas tal abordagem demandaria um trabalho extremamente extensivo e caro.

O que dizem os israelenses?

UOL VivaBem entrou em contato por email com Dan Aridor, que respondeu que passaria em breve por um processo cirúrgico de emergência, por causa de uma apendicite que teve algumas complicações, e não conseguiria nos auxiliar completamente.

Aridor afirmou que a empresa tem ótimos resultados da pesquisa para divulgar, mas não pode dar detalhes, pois aguarda algumas patentes. No e-mail, ele ainda copiou o Dr. Morad, dizendo ser o cientista ideal para entrevistarmos sobre o assunto. Porém, alertou que o Dr. Morad não acessa o e-mail corporativo nas horas vagas, por questões de segurança de dados, e a empresa não iria funcionar dias seguintes. De qualquer forma, Aridor prometeu contatar o Dr. Morad caso a questão fosse urgente. A reportagem aguardou a resposta do Dr. Morad por mais de uma semana, mas ela não veio.

Cura não é descartada por oncologistas

“Todos nós temos esperança de que uma cura para o câncer possa ser encontrada rapidamente. Apesar de existir uma grande lacuna entre testes com camundongos e êxito no tratamento com humanos, é possível que esta abordagem venha a funcionar”, aponta o oncologista André Murad.

Cordeiro reafirma que seria uma surpresa feliz se a tecnologia realmente vingasse. “No entanto, teremos que esperar até que mais detalhes sejam divulgados”, conclui.

Fonte: Uol
Créditos: Uol