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SOBREVIVENTE: Lateral faz planos para 2017 e quer disputar Libertadores

Quase um mês depois, o jogador já tem um objetivo muito mais concreto: retornar ao futebol em seis meses e disputar a Copa Libertadores pelo clube catarinense.

Uma semana após a tragédia com o avião da Chapecoense, o lateral esquerdo Alan Ruschel, 27, um dos seis sobreviventes, já fazia planos de continuar sua carreira. Quase um mês depois, o jogador já tem um objetivo muito mais concreto: retornar ao futebol em seis meses e disputar a Copa Libertadores pelo clube catarinense.

Ruschel passou por uma cirurgia na coluna devido a uma lesão na 12ª vértebra durante a queda do avião. Ele recebeu alta na última sexta (16) após ficar 18 dias internado, sendo 15 na Colômbia.

“Eu quero voltar a jogar em seis meses. Estou vivendo um dia de cada vez e planejo voltar a jogar no meio do ano. Quero voltar a tempo de disputar a Libertadores. Por tudo o que aconteceu, pela história, quero voltar e ficar na Chapecoense”, disse o lateral, que tem contrato com o Internacional até 2018.

A fase de grupos do principal torneio sul-americano começa em 7 de março e se encerra no dia 25 de maio. Ele conseguiria disputar a competição caso a equipe avance às oitavas de final, que será realizada em julho.

À Folha, o lateral disse que não se lembra do acidente na Colômbia e nem de ter tirado a aliança do dedo para que fosse entregue a sua esposa, como foi relatado à época.

O acidente aéreo com o voo da Chapecoense aconteceu no início da madrugada de terça-feira (29) [horário de Brasília] próximo a Medellín. A delegação deixou o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, no final da tarde de segunda com destino a Santa Cruz de La Sierra. Na cidade boliviana, a tripulação embarcou no voo da LaMia no qual aconteceu a tragédia.

Folha – O que você lembra do acidente?
Alan Ruschel – Lembro pouca coisa. Lembro da gente chegando em Santa Cruz de La Sierra e a preparação do embarque para Medellín. Eu lembro que o Cadu Gaúcho [gerente de futebol] pediu para eu deixar as poltronas da parte de trás para os jornalistas. O Follmann olhou para mim e me chamou para sentar do lado dele. Sentamos no meio da aeronave. A partir daí não lembro de mais nada do voo, nem do avião decolando, nem do resgate, nem eu entregando minha aliança de casamento ao chegar no hospital. Lembro apenas de acordar no hospital dois dias depois.

Como ficou sabendo do do que tinha acontecido?
Fiquei sabendo do acidente aos poucos. Quando fui acordando não sabia o que estava acontecendo. Perguntava para a minha esposa e para o meu pai e não sabia o que estava acontecendo. Meu pai disse que tinha sido um pouso forçado. A recomendação dos médicos era para não contar nada. Cinco dias depois, fiquei sabendo do acidente. Na hora você fica assustado. É uma mistura de sentimentos. Estava feliz por estar vivo, mas, ao mesmo tempo, triste por ter perdido um monte de amigos.

Como era o clima no avião antes do embarque?
O clima era maravilhoso. Estava todo mundo feliz, contente, alegre por estar fazendo história na Chapecoense. Era a segunda vez na história que o clube disputava um torneio internacional e já estávamos numa final. Tínhamos uma chance real de conquistar o título da Copa Sul-Americana. Enfim, nosso clima era o melhor possível. Aquele time chegaria muito longe.

Como está a sua recuperação?
A recuperação está cada dia melhor. Estou conseguindo andar e comer sozinho. Tenho ainda dor na coluna, mas é por conta da cirurgia. Estou muito bem, graças a Deus. Melhorando a cada dia que passa tanto fisicamente quanto psicologicamente.

O que você planeja para a sequência da carreira?
Eu quero voltar a jogar em seis meses. Estou vivendo um dia de cada vez e planejo voltar a jogar futebol no meio do ano que vem. Quero voltar a tempo de disputar a Libertadores. Meu contrato com a Chapecoense vai até maio. Por tudo o que aconteceu, pela história, quero voltar e ficar na Chapecoense.

Ficou com medo de viajar de avião?
Isso só o tempo vai dizer. A primeira vez que andei de avião após o acidente foi quando voltei para o Brasil, com a aeronave da FAB. Não tive receio até porque estava morrendo de vontade de voltar para o Brasil, voltar para a minha casa. Agora com o passar do tempo vou ver como vai ficar essa situação.

Como era o relacionamento dos jogadores no dia a dia?
Tínhamos uma amizade muito forte, o clima entre a gente era muito legal. Não tinha vaidade no elenco. Todos eram amigos e se respeitavam. Eu tinha muita amizade com o Danilo [goleiro, morto no acidente]. Duas semanas antes do acidente, tínhamos viajado com nossas famílias.
Eu e o Follmann também somos muito amigos. Temos uma amizade muito grande, inclusive fora do futebol. Jogamos juntos no Juventude. Quando eu estava no Inter e ele no Grêmio mantivemos o contato. E agora voltamos a jogar juntos na Chapecoense.

O que fica desse momento para você?
Eu aconselho que todos devem aproveitar a vida, aproveitar mais a família e não reclamar tanto. As vezes a gente reclama e se incomoda com pouca coisa. Agora, vou procurar aproveitar a vida da melhor maneira possível, fazer o bem para todos. O tratamento que o pessoal da Colômbia deu para a minha esposa e para o meu pai foi fantástico. O povo colombiano fez mais do que podia fazer.

Fonte: UOL