Versões dos fatos

Ramírez se defende de acusação de Gerson: "Não fui racista"; meia citou também fala xenofóbica de Bruno Henrique

Colombiano se envolveu em polêmica com volante do Flamengo no jogo de domingo

O meio-campista Índio Ramírez, do Bahia, se defendeu das acusações de racismo feitas por Gerson, do Flamengo, no jogo do último domingo (20), no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro. Em depoimento num vídeo divulgado pelo clube baiano a pedido do próprio atleta, o colombiano deu sua versão sobre o episódio:

“Em nenhum fui racista com nenhum dos jogadores, nem com Gerson, nem com qualquer outra pessoa. Acontece que quando fizemos o segundo gol botamos a bola no meio do campo para sair rapidamente e o Bruno Henrique finge e eu arranco a correr e eu digo a Bruno que” jogue rápido, por favor”, “vamos irmão, jogar sério”. Aí ele joga a bola para trás e Gerson, não sei o que me fala, mas eu não compreendo muito o português. Não compreendi o que me disse e falei “joga rápido, irmão”. Aí passo por ele e sigo a bola. Não sei o que ele entendeu, o que ouviu. Ele jogou a bola e passou a me perseguir sem eu entender o que passava”.

O episódio ocorreu aos 7 minutos do 2º tempo, quando a partida estava 2 a 1 para o Flamengo. As imagens da transmissão mostraram Gerson inconformado “peitando” o colombiano Ramírez depois de ouvir algo que lhe incomodou. Ramirez continuou sua versão do fato:

“Dei a volta por trás porque não queria entrar em briga com ninguém e depois ele sai falando que o tratei com “cale a boca, negro” falando português quando eu realmente não falo português. Estou apenas alguns meses no Brasil e sobre isso de ser racista não estou de acordo, porque isso não é bem visto em nenhuma parte do mundo e sabemos que todos somos iguais e em nenhum momento falei isso e menos ainda usei essa palavra”.

O meia do Bahia citou também uma fala xenofóbica de Bruno Henrique, atacante do Flamengo:

“O clima no jogo estava complicado. Foi um jogo bom, eles abriram 2 a 0. Empatamos e tínhamos chances de fazer o terceiro. Se supõe, então, que o jogo fica disputado, com mais chegadas. Ele ficou diferente. Um atacando, outro defendendo. É algo normal. Fica tenso por circunstâncias do jogo. Mas nada de insultos e racismo. Bruno, em um momento, me chamou de “gringo de merda”, mas eu não prestei muita atenção. Sou colombiano, criado em Rio Negro, uma cidade perto de Medellín. A minha família sempre me ensinou que somos todos iguais mesmo. Não há ninguém melhor do que o outro mesmo que um tenha mais dinheiro do que outro”.

Ramirez ainda desejou que o fato se resolva rapidamente: “Espero que as coisas se esclareçam rapidamente, minha família e eu estamos passando por um momento complicado. Não fui racista em nenhum momento. Vim ao Brasil para jogar e ter um futuro. De coração, espero que tudo se solucione. Desculpa a quem escutou, se o Gerson entendeu mal o que falei. Em nenhum momento falei mal dele e não fui racista”.

O caso

Durante a partida, Gérson foi até a beira do campo e discutiu também com o treinador do Bahia, Mano Menezes. Na saída de campo, ele afirmou ter ouvido de Ramírez: “Cala a boca, negro”.

“Tenho vários jogos pelo profissional e nunca vim na imprensa falar nada porque nunca tinha sofrido preconceito, nem sido vítima nenhuma vez. O Ramirez, quando tomamos acho que o segundo gol, o Bruno fingiu que ia chutar a bola e ele reclamou com o Bruno. Eu fui falar com ele e ele falou bem assim para mim: “Cala a boca, negro”. Eu nunca falei nada disso, porque nunca sofri. Mas isso aí eu não aceito”.

Gerson presta depoimento

O meia do Falmengo vai prestar depoimento na manhã desta terça-feira (22) na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), no Centro do Rio. Na segunda (21), a Polícia Civil do Rio instaurou inquérito para apurar a denúncia contra o jogador Ramirez, do Bahia, durante o jogo de domingo, pelo Campeonato Brasileiro.

Fonte: GE e Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba